Para Obama, mudanças climáticas são ameaça à segurança dos EUA
Para presidente americano, tema precisa ser prioridade em questões sobre defesa nacional
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Em um discurso em New London (Connecticut, nordeste) para jovens graduados da Academia da Guarda Costeira, Obama destacou a necessidade de adaptar as forças armadas de todo o país, do Alasca à Flórida, para enfrentar o degelo do permafrost (solo permanentemente congelado) ártico, o aumento do nível dos mares e as secas prolongadas.
"Vocês são parte da primeira geração de oficiais que começará a servir em um mundo onde os efeitos das mudanças climáticas serão sentidas claramente", disse. Ele também advertiu para o custo das mudanças que estão por vir e citou uma estimativa, segundo a qual uma elevação de 30 centímetros nas águas até o fim do século poderia custar 200 bilhões de dólares nos Estados Unidos. Neste sentido, disse que o nível do mar no porto de Nova York já aumentou 30 cm em um século.
O Departamento de Defesa (DoD) lançou um estudo para avaliar a vulnerabilidade de 7 mil bases e instalações do exército americano, de acordo com a Casa Branca. "Em todo o mundo, as mudanças climáticas aumenta os riscos de instabilidade e de conflitos", insistiu Obama, para que estes eventos meteorológicos aumentarão a quantidade de "refugiados climáticos".
"Nenhuma nação está a salvo", advertiu. Isto "impactará na forma como nosso exército terá que defender nosso país", razão pela qual será necessário fazer profundos ajustes dentro da organização, no treinamento do pessoal e na proteção das infra-estruturas.
Obama, que deixará a Casa Branca em janeiro de 2017, elevou o tom nos últimos meses sobre os riscos das mudanças climáticas, um tema sobre o qual não pode fazer muito em seu primeiro mandato, em parte devido à oposição no Congresso.
A ciência é indiscutível
"Nos arredores de Norfolk (Virgínia), grandes marés e tormentas provocam cada vez mais inundações em algumas áreas da nossa base naval e da nossa base aérea", prosseguiu. "No Alasca, o derretimento do permafrost danifica nossas instalações militares. No oeste, as prolongadas secas e incêndios ameaçam zonas de treinamento cruciais para nossas tropas."
Ao mesmo tempo em que reconheceu que certo nível de aquecimento a estas alturas é inevitável, o presidente americano pediu fazer tudo o possível para limitar a elevação das temperaturas mundiais.
No fim de 2014, Obama anunciou em Pequim um acordo inédito entre Estados Unidos e China sobre as emissões de gases de efeito estufa, que são os que causam o aquecimento global. Pequim prometeu que suas emissões deixarão de aumentar a partir de 2030, enquanto os Estados Unidos asseguraram que reduzirão entre 26% e 28% suas emissões até 2025, com base nos níveis reportados em 2005.
Há algumas semanas, o presidente americano expressou otimismo sobre a possibilidade de que se alcance um acordo "ambicioso e duradouro" na conferência mundial sobre o clima, que será celebrada em dezembro, em Paris. O objetivo da comunidade internacional é limitar o aumento da temperatura a um máximo de 2°C com relação à era pré-industrial.
Obama também mostrou exasperação diante dos legisladores republicanos – alguns dos quais competirão por ocupar seu lugar nas eleições de 2016 – que põem em dúvida os estudos científicos que asseguram a responsabilidade das atividades humanas nas mudanças climáticas. "Eu sei que ainda há gente em Washington que se nega a aceitar a realidade das mudanças climáticas, mas a ciência é indiscutível. O planeta está esquentando".
"Negar o aquecimento e se negar a fazer algo a respeito é por em risco a nossa segurança nacional", disse Obama aos jovens oficiais, prestes a receber seus diplomas.