Polícia belga prende seis novos suspeitos de atentados

Polícia belga prende seis novos suspeitos de atentados

Dois homens ainda seguem foragidos

AFP

Polícia belga prende seis novos suspeitos de atentados

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A polícia belga realizou seis novas prisões na noite dessa quinta-feira em conexão com os ataques terroristas em Bruxelas, enquanto a França anunciou ter desbaratado um projeto de ataque com a detenção de um francês condenado na Bélgica. Mas apesar dos aparentes avanços na investigação, dois suspeitos dos ataques de terça-feira - reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI) e que fizeram pelo menos 31 mortos e 300 feridos - seguem foragidos. 

"Je suis Bruxellois"... "Ik ben Brussel" ("Eu sou bruxelense"), declarou o secretário de Estado americano, John Kerry, que chegou nesta sexta-feira a Bruxelas para apresentar suas condolências à Bélgica e oferecer o apoio de Washington na luta contra o terrorismo. Dois americanos foram mortos nos ataques, de acordo com uma autoridade americana.

Kerry irá se reunir com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o primeiro-ministro belga, Charles Michel, e Philippe, rei dos belgas. "Os atentados de Bruxelas ressaltam a necessidade de responder ao extremismo violento e acabar com o Daesh" (sigla em árabe do EI), escreveu Kerry em um tuíte.


A imprensa belga e internacional noticiou nesta sexta-feira que a célula terrorista de Bruxelas, responsável pelos atentados de terça-feira, planejava um ataque com armas de guerra nas ruas da capital belga, ao estilo dos ataques de 13 de novembro em Paris, e a produção de uma "bomba suja" radioativa. Dois dos homens-bomba de Bruxelas, os irmãos El Bakraoui, teriam vigiado um "especialista nuclear" belga.

O governo belga, acusado de laxismo, prometeu esclarecer todos os fatos ligados aos ataques. A polícia ainda está à procura de pelo menos dois homens, que aparecem nas imagens das câmeras de segurança com os três homens-bomba que semearam a morte na terça-feira no aeroporto internacional de Bruxelas e na estação de metrô de Maelbeek, no bairro europeu.

Projeto avançado de atentado

Na madrugada desta sexta-feira, a polícia belga prendeu seis pessoas em conexão com a investigação. Três delas estavam "em frente a nossa porta", indicou um porta-voz da procuradoria federal, cujos escritórios estão localizados no centro de Bruxelas, ao lado do Palácio de Justiça.

Segundo o jornal La Libre Belgique, essas três pessoas estavam a bordo de um carro, mas não há detalhes sobre as razões para a sua presença em frente ao edifício da procuradoria. O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, anunciou, por sua vez, a detenção na quinta-feira à noite de um suspeito de planejar um ataque no país. Ele havia sido condenado à revelia em julho, em Bruxelas, com Abdelhamid Abaaoud, suposto mentor dos ataques de 13 de novembro que deixaram 130 mortos na capital francesa.

O belga-marroquino Abdelhamid Abaaoud havia sido condenado a 20 anos de prisão. Ele foi morto em 18 de novembro, em uma operação policial em Paris. A prisão deste homem, identificado como Reda Kriket, de 34 anos e nacionalidade francesa, permitiu "desbaratar um projeto avançado de atentado na França", declarou Cazeneuve. Depois da prisão de Reda Kriket, a polícia revistou um apartamento em Argenteuil, nos arredores de Paris, onde encontrou uma pequena quantidade de explosivos.

Na quinta, a polêmica se concentrou nas falhas das autoridades belgas no monitoramento dos suspeitos, interceptados e deportados pela Turquia no verão passado. Michel, no entanto, recusou a demissão dos ministros do Interior e da Justiça, Jan Jambon e Koen Geens, que reconheceram "erros".

A Turquia lamentou a falta de reação das autoridades belgas após a expulsão, em junho de 2015, de Ibrahim El Bakraoui, um dos homens-bomba do aeroporto de Bruxelas, que foi preso preso por Ancara e mandado de volta à Bélgica.

"Cansados e com medo"

Em meio às polêmicas e grande comoção, o trabalho de identificação das vítimas avança muito lentamente. Apenas quatro mortos foram identificados. Alguns corpos foram muito danificados, enquanto as famílias podem viver a milhares de quilômetros de Bruxelas, o que dificulta comparações de ADN ou reconhecimento visual.

No Facebook, onde a página "Busca de Bruxelas" foi aberta, e no Twitter multiplicavam-se as mensagens de parentes pedindo desesperadamente por notícias, enquanto sobreviventes relatavam os momentos de terror. "Lembro-me de uma primeira explosão na farmácia do aeroporto, depois devo ter perdido a consciência", relatou à ABC, Sebastien Bellin, um jogador de basquete profissional belga que nasceu no Brasil e que estava de partida para os Estados Unidos, "e então eu disse a mim mesmo: eu tenho que resistir, eu tenho que resistir".

Atingida em sua capital, a União Europeia foi mais uma vez criticada por sua lentidão em implementar um sistema de intercâmbio eficiente de dados e informações, em lutar contra o tráfico de armas ou introduzir um registo europeu de passageiros aéreos (PNR). "Os cidadãos estão cansados e com medo", declarou o comissário europeu para a Segurança, Dimitris Avramopoulos, após uma reunião de emergência dos 28 países membros. "Algo tem que mudar." Os três homens-bomba de Bruxelas foram diretamente associados aos comandos de Paris e, provavelmente, acompanharam Salah Abdeslam em sua fuga. Este último deseja agora ser extraditado para a França, onde vai responder por seu envolvimento nos ataques de 13 de novembro.

Na quinta-feira, as autoridades belgas reduziram para 3 o nível de ameaça terrorista no país, um risco de "possível e provável" ataque terrorista. Muito danificado, o aeroporto de Bruxelas não deverá reabrir antes de segunda-feira. No centro de Bruxelas, a população continua a prestar homenagem às vítimas na Place de la Bourse, com mensagens, bandeiras, velas e flores.


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