Polícia do Nepal atira contra manifestantes e mata um indiano

Polícia do Nepal atira contra manifestantes e mata um indiano

Protesto era contra nova Constituição

AFP

Polícia do Nepal atira contra manifestantes e mata um indiano

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A polícia do Nepal atirou nesta segunda-feira contra uma multidão de manifestantes que protestava contra a nova Constituição perto de um posto de fronteira com a Índia, matando um civil indiano. Este surto de violência ocorre horas depois que a polícia deteve manifestantes que bloqueavam uma ponte em Birgunj (Sul) para tentar restabelecer o tráfego entre os dois países. O Nepal enfrenta uma crise de escassez de combustível.

"A polícia ordenou que os manifestantes dispersassem, mas eles não ouviram, obrigando as forças de segurança a atirar", declarou o porta-voz da polícia nepalesa, Kamal Singh Bam. "Um indiano foi ferido e morreu depois de ser levado para o hospital", indicou.

Quatro policiais ficaram feridos nos confrontos, acrescentou Bam, que não soube dizer se outros civis foram atingidos.
Um líder de um partido regional envolvido no movimento de protesto afirmou que sete pessoas ficaram feridas, incluindo um menino de 11 anos, atingido por uma bala de borracha. "A polícia disparou balas de borracha e uma criança foi ferida na cabeça, ela estava sangrando", disse Shiva Patel, secretário-geral do partido regional Sadbhawana.

Nesta segunda-feira, a polícia dispersou os manifestantes da minoria étnica Madhesi, que bloqueavam a ponte que cruza o Birgunj desde 24 de setembro para protestar contra a Constituição, que eles acreditam que irá marginalizá-los no parlamento.

De acordo com Patel, centenas de manifestantes correram para o local do bloqueio depois que a polícia ateou fogo nas tendas dos manifestantes. Degradação das relações com a ÍndiaEste novo surto de violência abafa as esperanças de um compromisso que nasceu de discussões entre o governo e manifestantes durante o fim de semana.

A Índia, que defende o diálogo, disse que estava "profundamente preocupada" com a violência. "O Nepal está enfrentando problemas políticos que não podem ser resolvidos pela força", declarou o ministério das Relações Exteriores indiano, que pediu ao governo que enfrente a situação de maneira "crível e eficaz".

O Nepal importa todo seu combustível da Índia, mas a passagem de caminhões cisterna por Dirjung, localizado 90 km ao sul de Katmandu, e por outros pontos da fronteira está quase parado desde o início do movimento de protesto. As autoridades de Katmandu acusam Nova Délhi de apoiar os manifestantes e impor "um bloqueio não oficial" para expressar sua insatisfação com a nova Constituição.

A Índia nega as acusações e pede a retomada do diálogo com os manifestantes madhesi, que têm laços culturais, linguísticos e familiares mais próximos com os indianos que vivem do outro lado da fronteira.

A ação da polícia permitiu o retorno de centenas de caminhões indianos vazios bloqueados no Nepal, mas não a retomada do fornecimento de combustível. Este bloqueio provocou uma deterioração das relações entre o Nepal e seu poderoso vizinho do sul, empurrando Katmandu a assinar seu primeiro acordo de fornecimento de petróleo com a China na semana passada.

A Constituição foi criada com a intenção de fortalecer a transformação do Nepal em república democrática depois de décadas de instabilidade política e uma guerrilha maoísta ativa até 2006. Mas, por enquanto, só alimentou a violência, uma vez que mais de 40 pessoas morreram em confrontos entre a polícia e manifestantes madhesi.

O acordo sobre a Constituição foi alcançado em junho, sob a pressão de uma população esgotada pelo terremoto que deixou 8,9 mil mortos e meio milhão de desabrigados. As negociações começaram em 2008.


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