Porta-aviões chinês cruza o Estreito de Taiwan

Porta-aviões chinês cruza o Estreito de Taiwan

Passagem do Shandong pela área, com 180 quilômetros de largura e que separa a ilha do continente asiático, é incomum

AFP

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O porta-aviões chinês "Shandong" e outros dois navios atravessaram, neste sábado (27), o Estreito de Taiwan, o que, segundo um especialista, constitui uma demonstração de força de Pequim nesta zona que separa a ilha do continente.

"Uma flotilha da Marinha do Exército Popular de Libertação, liderada pelo porta-aviões Shandong, cruzou o Estreito de Taiwan por volta do meio-dia de sábado", disse o Ministério da Defesa taiwanês em comunicado.

As embarcações navegaram "a oeste da linha mediana, na direção norte", acrescentou o comunicado, referindo-se à fronteira não oficial no meio do estreito.

A China não reconhece essa fronteira invisível traçada unilateralmente pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria.

Taiwan monitora constantemente a presença de navios de guerra chineses e faz anúncios quase diários.

No entanto, a passagem do Shandong pelo Estreito de Taiwan, com 180 quilômetros de largura e que separa a ilha do continente asiático, é incomum.

As forças armadas de Taiwan "monitoraram a situação e mobilizaram aviões (de patrulha aérea civil), navios da Marinha e sistemas de mísseis terrestres para responder a essas atividades", disse o ministério.

As relações entre China e Taiwan, em seu ponto mais baixo desde que o presidente Xi Jinping assumiu o poder em Pequim há mais de 10 anos, se deterioraram ainda mais recentemente. A China intensificou suas incursões militares ao redor da ilha.

Demonstração de força

O Ministério da Defesa de Taiwan "detectou [no sábado] às seis da manhã" 33 aviões de guerra e 10 navios. No dia anterior, 11 embarcações estavam perto de águas taiwanesas.

Pequim considera Taiwan parte de seu território e prometeu retomar o controle da ilha autônoma algum dia.

Segundo Steve Tsang, diretor do instituto SOAS China da Universidade de Londres, a passagem do porta-aviões "Shandong" no Estreito de Taiwan é "muito incomum".

"Mas os chineses têm tentado demonstrar seu poder militar em torno de Taiwan nos últimos seis meses ou no ano passado", disse à AFP. A presença do Shandong no estreito faz parte deste "contexto geral", acrescentou.

A última vez que as autoridades taiwanesas detectaram a presença do porta-aviões chinês no estreito foi em março de 2022.

O navio havia sido implantado naquela área antes de uma conversa telefônica entre Xi Jinping e seu homólogo americano, Joe Biden.

A demonstração de força deste sábado ocorre pouco mais de um mês após as manobras militares de Pequim ao redor da ilha. Durante os exercícios, a China simulou um bombardeio e um "cerco" de três dias ao território insular.

No último dia, as autoridades taiwanesas detectaram 12 navios de guerra chineses e 91 aeronaves ao redor da ilha.

Caças também foram lançados do porta-aviões Shandong e cruzaram a linha mediana, disse o Ministério da Defesa de Taiwan na época.

As manobras militares chinesas aconteceram poucos dias depois do encontro entre a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy.


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