Prefeito é investigado na França por fazer censo de crianças muçulmanas

Prefeito é investigado na França por fazer censo de crianças muçulmanas

Lei proíbe que governo realize estatísticas sobre etnia ou religião da população

AFP

Na França, a lei proíbe que governo realize estatísticas sobre etnia ou religião da população

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A justiça francesa abriu nesta terça-feira uma investigação contra Robert Ménard, prefeito de Béziers, uma cidade do sudoeste do país governada pela extrema-direita, por ter realizado um censo de alunos muçulmanos a partir de seus nomes. A lei proíbe que o governo realize estatísticas sobre a etnia ou a religião da população.

Na noite de segunda-feira, Ménard, nomeado prefeito em 2014 com o apoio da Frente Nacional, confirmou que havia realizado estatísticas sobre a religião dos alunos nas escolas de seu município. Na rede de televisão France 2, disse que "64,6%" dos alunos de Béziers são de confissão muçulmana. "São números da minha prefeitura. O prefeito tem, classe por classe, os nomes das crianças. Sei que não tenho o direito de fazer isso. Mas, perdão por dizer, os nomes indicam suas confissões. Dizer o contrário seria negar a evidência", respondeu Ménard a um internauta que perguntou a porcentagem.

O comentários provocaram a condenação do governo socialista. "Vergonha de prefeito" de Béziers, reagiu o primeiro-ministro, Manuel Valls, em um tuíte. "A república não faz distinções entre seus filhos", acrescentou.

A ministra da Educação, Najat Vallud-Belkacem, disse que havia solicitado uma investigação judicial e afirmou que as declarações de Ménard eram profundamente antirrepublicanas. "Estou chocado, horrorizado por estas declarações. A lei proíbe estes registros", disse o presidente do Observatório Nacional contra a Islamofobia, Abdallah Zekri. "Além disso, a pessoa pode se chamar Mohamed sem ser um muçulmano praticante!".

Por sua vez, a prefeitura de Béziers negou nesta terça-feira ter realizado um registro parecido. "(A prefeitura) não tem os meios, então não pode existir nenhum registro de crianças, muçulmanas ou não", declarou em um comunicado.

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