Presa em Lampedusa capitã do navio humanitário Sea Watch

Presa em Lampedusa capitã do navio humanitário Sea Watch

Navio com 40 emigrantes resgatados no Mediterrâneo forçou entrada na Itália

AFP

Capitã, Carola Rackete, foi imediatamente detida

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O navio humanitário Sea Watch, com 40 emigrantes resgatados no Mediterrâneo, forçou a entrada neste sábado no porto italiano de Lampedusa e sua capitã, Carola Rackete, foi imediatamente detida. "Esperávamos uma solução que não foi definida. Por este motivo tomei pessoalmente a decisão de entrar no porto", declarou a capitã em um vídeo publicado nas redes sociais.

Rackete "acaba de ser detida", anunciara Ruben Neugebauer, porta-voz do Sea Watch, na madrugada deste sábado. O porta-voz acrescentou que os 40 emigrantes permanecem a bordo do navio, já atracado no cais.

O diretor da ONG, Johannes Bayer, escreveu no Twitter que "estamos orgulhosos da nossa capitã, que fez o necessário, insistiu no direito marítimo e colocou estas pessoas em um ambiente seguro".

Rackete havia ignorado o bloqueio do seu navio nas águas territoriais italianas imposto pelo ministro do Interior, Matteo Salvini, de extrema-direita. O próprio Salvini solicitou publicamente a prisão de Rackete e do restante da tripulação do Sea Watch por ajudar a imigração clandestina, assim como o sequestro do navio.

Inicialmente, a polícia marítima ordenou que o navio detivesse seu progresso quando se encontrava a uma milha náutica do porto. "Não quero substituir o Poder Judiciário, que é responsável pela aplicação das leis. Mas as leis existe, queiramos ou não", afirmou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, na reunião do G20 em Osaka (Japão).

"Missão cumprida", declarou o ministro italiano do Interior, Matteo Salvini. "Capitã fora da lei detida, navio pirata sequestrado, multa máxima para a ONG estrangeira", tuitou, antes de expressar "vergonha ante o silêncio do governo da Holanda".

Durante a sexta-feira, Rackete manteve contato permanente de vídeo com jornalistas em Roma, quando denunciou uma situação "incrivelmente tensa" a bordo do Sea Watch, repleto de emigrantes. A capitã contou que a maioria dos migrantes resgatados são vítimas de traumas, que sofreram abusos e violências e que estão muito angustiados por seu destino.

Um migrante de 19 anos com fortes dores e seu irmão pequeno foram retirados do barco na quinta-feira. Os demais 40 dormiam na coberta do navio, sobre salva-vidas infláveis e sob barracas improvisadas para se proteger da onda de calor que atinge toda Europa. O Sea-Watch, com bandeira holandesa, resgatou em 12 de junho um grupo de 53 migrantes que se encontravam à deriva em um bote inflável em frente à costa da Líbia. As pessoas mais vulneráveis foram retiradas, mas Salvini proibiu a entrada em águas italianas.

Na quarta-feira, depois mais de duas semanas no mar, Rackete decidiu que não haveria outro remédio a não ser violar a proibição e salvar os 42 migrantes restantes. Há um ano, Salvini ordenou o bloqueio dos portos para conter o fluxo de imigrantes em situação irregular na costa da Itália.

A Procuradoria de Agrigento, na Sicília, abriu uma investigação contra a capitã por tráfico ilegal de seres humanos e a notificação foi entregue pessoalmente na sexta-feira por agentes da Guarda de Finanças, que na véspera haviam revistado toda a embarcação. "Violamos a lei porque a Líbia não é um porto seguro para desembarcá-los, porque lá estão em guerra. Estou segura de que a justiça italiana reconhecerá que a segurança das pessoas é mais importante que as fronteiras nacionais", explicou a capitã.

Salvini exige que os emigrantes sejam levados para a Holanda, bandeira do Sea Watch, ou para a Alemanha, sede da organização humanitária. O líder da Liga acusou paradoxalmente a organização alemã de "fazer política" com a vida dos emigrantes.


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