Presidência ucraniana sugere que Rússia estaria por trás de explosão em ponte na Crimeia

Presidência ucraniana sugere que Rússia estaria por trás de explosão em ponte na Crimeia

Tráfego de carros e ônibus foi retomado na única via da estrutura que permaneceu intacta

AFP

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A presidência da Ucrânia sugeriu neste sábado (8) que a Rússia poderia estar envolvida na explosão que danificou a ponte da Crimeia, que liga o território russo à península anexada. "Convém assinalar que o caminhão que explodiu, segundo todos os indícios, subiu a ponte pelo lado russo. É na Rússia que vocês devem procurar respostas", indicou o conselheiro da presidência ucraniana Mikhailo Podoliak, citado em uma nota da presidência ucraniana.

Neste sábado, um caminhão-bomba explodiu na ponte da Crimeia e provocou um enorme incêndio, matando três pessoas. A Rússia, por sua vez, não acusou a Ucrânia de imediato e anunciou a abertura de uma investigação.

Imagens de câmeras de segurança que circulam on-line mostram uma enorme explosão destruindo a ponte, enquanto alguns veículos passam por ela. O impacto pareceu ocorrer na passagem de um camião branco. 

Outras imagens mostram a linha férrea em chamas por dezenas de metros e um trecho desabado da estrada. 

As autoridades da Crimeia anunciaram à tarde que o tráfego de carros e ônibus foi retomado na única via da ponte que permaneceu intacta, "com procedimentos de inspeção completos".  Os caminhões farão a travessia em balsas e o tráfego ferroviário deverá ser restabelecido à noite.

Esta ponte, construída com grande custo por ordem de Vladimir Putin para ligar a península anexada ao território russo, é usada principalmente para transportar equipamentos militares ao exército russo que luta na Ucrânia. 

O Comitê Antiterrorista russo explicou que duas faixas rodoviárias foram danificadas, mas o arco da ponte não. O porta-voz do Kremlin disse à agência Ria Novosti que Putin ordenou a formação de uma comissão governamental para apurar os fatos.

"Natureza terrorista"

Se a Ucrânia não assumiu a responsabilidade por este atentado, os seus responsáveis multiplicaram os comentários irônicos, chegando os correios ucranianos a anunciar que preparam um selo para celebrar a ocasião. "Tudo que é ilegal deve ser destruído, tudo roubado deve ser devolvido à Ucrânia", tuitou Mikhailo Podoliak, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. 

Essas reações levaram a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, a ver isso como um sinal da "natureza terrorista" das autoridades ucranianas. O exército russo, em dificuldades em Kherson, no sul da Ucrânia, garantiu que o envio de suprimentos a suas tropas não estava ameaçado.

"O abastecimento é feito de forma contínua e completa, ao longo de um corredor terrestre e parcialmente por mar", anunciou. 

A Ucrânia atingiu várias pontes na região de Kherson nos últimos meses para interromper o abastecimento russo, bem como bases militares na Crimeia, ataques pelos quais só assumiu responsabilidade meses depois. O chefe da Assembleia da Crimeia, o parlamento regional instalado pela Rússia, Vladimir Konstantinov denunciou um golpe "dos vândalos ucranianos". 

O líder da península, Serguei Aksionov, tentou tranquilizar dizendo que a Crimeia tinha reservas de combustível para um mês e comida para dois meses. Segundo ele, os trabalhos de reparação vão começar "quase hoje".

Um funcionário da ocupação russa na região ucraniana de Kherson, vizinha da Crimeia, Kirill Stremoussov, indicou que os reparos podem levar "dois meses".

Derrotas em série

A Rússia sempre sustentou que a ponte é segura apesar dos combates na Ucrânia, mas no passado ameaçou Kiev com represálias se as forças ucranianas atacassem essa infraestrutura ou outras na Crimeia. 

O deputado russo Oleg Morozov, citado pela agência Ria Novosti, pediu neste sábado uma resposta "adequada".  "Caso contrário, esse tipo de ataque terrorista se multiplicará", disse. 

Desde o início de setembro, as forças russas foram forçadas a recuar em muitos pontos. Em particular, foram forçadas a se retirar da região de Kharkiv (nordeste) e recuar em Kherson. 

Diante desses contratempos, o presidente Putin decretou no final de setembro a mobilização de centenas de milhares de reservistas para reverter a tendência. 

Também decretou a anexação de quatro regiões ucranianas, embora Moscou as controle apenas parcialmente. O único campo de batalha onde Moscou atualmente tem vantagem é perto da cidade de Bakhmut, na região de Donetsk (leste), que as forças russas tentam tomar desde agosto.


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