Presidente da COP28 nega conflitos de interesses

O presidente emiradense da COP28, Sultan Al Jaber, descartou a utilização de sua posição de líder da conferência da ONU para promover projetos de petróleo e energia dos Emirados Árabes Unidos em outros países, conforme afirmado em documentos divulgados durante a semana.

"As alegações são falsas, incorretas, imprecisas", garantiu na véspera da inauguração da COP28, em Dubai, ao ser questionado por jornalistas em um evento sediado no mesmo local que a conferência climática será realizada.

"É uma tentativa de enfraquecer o trabalho da presidência da COP28", afirmou ele. "Faço para vocês uma pergunta: você acha que os Emirados Árabes Unidos ou eu precisamos da COP ou da presidência da COP para estabelecer acordos ou relações comerciais?", acrescentou.

Segundo os relatórios revelados na segunda-feira (27) pelo Center for Climate Reporting (CCR) e pela BBC, os documentos de preparação das reuniões de Sultan Al Jaber com representantes de governos estrangeiros continham sistemáticos pontos-chave sobre as duas empresas que comanda: a empresa petrolífera nacional Adnoc e a de energia renovável Masdar.

Nos documentos, a presença de ambas as empresas nos diferentes países foi recapitulada e seu potencial comercial foi detalhado. "Nunca vi esses elementos de linguagem, nunca os usei", disse o sultão Al Jaber na quarta-feira (29).

O sultão Al Jaber foi pego com "as mãos na massa", disse a ex-chefe do clima da ONU, Christiana Figueres, na rede social X (ex-Twitter). Os senadores americanos que há meses denunciaram a influência de grupos de pressão nas COPs consideraram que estes relatórios "explosivos sobre casos secretos para aumentar a produção de petróleo e gás, e as emissões geradas pelos combustíveis fósseis, colocam em questão a integridade de toda a conferência".

O climatologista americano Michael Mann pediu a renúncia imediata do Sultão Al Jaber ou um boicote à COP28.