Presidente da Nicarágua revogará reforma que originou protestos

Presidente da Nicarágua revogará reforma que originou protestos

Ao menos 24 pessoas morreram durante manifestações no país

AFP

Presidente da Nicarágua revogará reforma que originou protestos

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O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, anunciou neste domingo a revogação da reforma previdenciária, que originou a violenta onda de protestos, que deixou pelo menos 24 mortos. Em um encontro com empresários de zonas francas, Ortega disse que o Instituto Nicaraguense de Seguro Social (INSS) decidiu revocar a reforma que teria incrementado as contribuições operárias e patronais para dar estabilidade financeira ao sistema de pensões.

A reforma desencadeou uma onda de protestos que mergulharam a Nicarágua no caos, com confrontos violentos entre manifestantes e policiais, saques de comércios e destruição de edifícios públicos. Segundo o presidente, a revogação do decreto permitirá abrir o diálogo com os setores que foram às ruas protestar contra a medida, criada para restabelecer o equilíbrio financeiro do INSS. Ortega criticou duramente os manifestantes e os comparou a membros de gangues como os que atuam no norte da América Central. "Isto nos obriga a por em nossa agenda o combate às gangues. Combatê-las para que não continuem atuando da forma como atual, que não continuem se matando entre si e que não vão assaltar estabelecimentos", disse Ortega durante a reunião.

A respeito, Ortega acrescentou que "temos que restabelecer a ordem, nós não podemos permitir que aqui se imponha o caos, o crime, o saque". Antecipou que o governo buscaria outras formas de dar estabilidade financeira ao sistema de pensões e anunciou que convidaria o arcebispo de Manágua, cardeal Leopoldo Brenes, a participar de uma mesa de diálogo que vai analisar o tema.

Reações internacionais

Em Santiago, seis países sul-americanos pediram a deposição do confronto e a cessação dos atos de força nos protestos na Nicarágua. Segundo um comunicado da Chancelaria chilena, os governos de Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Paraguai e Peru expressaram preocupação e lamentaram os atos de violência registrados no país. Os seis países "fazem um apelo urgente a todos os setores a depor o confronto e cessar os atos de força" e fizeram um chamado especial às forças de segurança para que exerçam "suas faculdades com a maior prudência para evitar o uso excessivo da força e uma escalada da crise".

Durante as manifestações ocorreram saques e violentos confrontos, que deixaram uma lista de vítimas que inclui estudantes que iniciaram os protestos, policiais e jovens simpatizantes da governista Frente Sandinista, acusados de atacar os manifestantes. Diante disto, países sul-americanos expressaram "suas condolências e solidariedade às vítimas da violência e seus familiares". Os Estados Unidos também lamentaram a violência e a perda de vidas na Nicarágua e fizeram um apelo às autoridades para julgar os responsáveis.

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