Presidente da Ucrânia denuncia bombardeio russo em Kherson como "ato de terror" no Natal

Presidente da Ucrânia denuncia bombardeio russo em Kherson como "ato de terror" no Natal

Ataque deixou ao menos oito mortos e 17 feridos

AFP

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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, denunciou neste sábado (24) um "ato de terror" russo para "intimidar" o país, após um bombardeio em pleno centro de Kherson (sul) que deixou ao menos oito mortos e 17 feridos na véspera do Natal.

"Durante a manhã de sábado, véspera de Natal, no centro da cidade. Não são instalações militares. Não é uma guerra que segue as regras definidas. É terror, é matar para intimidar e (ter) prazer", criticou o presidente ucraniano nas redes sociais.

O Ministério Público ucraniano anunciou que o bombardeio "matou oito civis e deixou 17 feridos" - alguns hospitalizados com ferimentos graves.

"O mundo deve observar e compreender contra que mal absoluto estamos lutando", afirmou Zelensky, que mais uma vez chamou o exército russo de "terrorista".

"Esta é a verdadeira vida da Ucrânia e dos ucranianos desde que a guerra começou, há 10 meses", acrescentou o presidente ucraniano, em uma mensagem acompanhada por fotografias que mostram a dimensão dos danos.

Correspondentes da AFP na cidade ouviram os bombardeios que atingiram o mercado central e ruas próximas. Também observaram ao menos um corpo de vítima fatal dentro de um veículo.

Nas proximidades do mercado, um homem estava gravemente ferido na cabeça e seu carro foi destruído pela explosão. Outras pessoas feridas estavam ao seu redor.

O corpo de uma idosa, com um casaco vermelho, estava a poucos metros do local.

Chamas

Durante a tarde ainda era possível ouvir os bombardeios na cidade.

O mercado estava em chamas. O local, muito movimentado na manhã de sábado, fica no centro de Kherson, cidade que o exército ucraniano recuperou em novembro, durante uma prolongada contraofensiva, após oito meses de ocupação russa.

A cidade foi alvo de vários bombardeios russos nas últimas semanas, em particular contra as instalações do sistema de energia.

As autoridades regionais informaram que na sexta-feira foram registrados 73 bombardeios russos na cidade. Cinco pessoas morreram e 22 ficaram feridas nos ataques, segundo a presidência ucraniana.

Na região leste, os russos prosseguem com os bombardeios contra Bakhmut - cidade que as tropas de Moscou tentam controlar há vários meses.

Mais ajuda

Para enfrentar a ofensiva russa, Kiev pediu mais ajuda financeira e militar aos ocidentais.

Na sexta-feira, dois dias após a visita de Zelensky a Washington, o Congresso dos Estados Unidos aprovou uma extensão orçamentária que prevê uma verba de 45 bilhões de dólares para a Ucrânia.

"Realmente, não é - como disse o presidente ucraniano na outra noite - caridade. Trata-se de segurança, trata-se de trabalhar juntos", disse Nancy Pelosi, presidente da Câmara de Representantes.

Até 2023, Kiev poderá contar com 2,5 bilhões de euros (US$ 2,66 bilhões) em ajuda da Holanda, principalmente para suas Forças Armadas, anunciou na sexta-feira o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte.

A invasão russa também afeta consideravelmente a economia ucraniana, atualmente concentrada nos esforços bélicos.

A colheita de cereais no país, um dos principais produtores mundiais de grãos do mundo, deve cair quase 40% este ano na comparação com 2021, segundo uma estimativa de profissionais do setor.

Ao mesmo tempo, "dois mercenários e dois soldados russos" acusados de "torturar" três soldados ucranianos na região de Izum foram condenados a 11 anos de prisão na Ucrânia, anunciou o MP de Kiev neste sábado.

Os soldados ucranianos "foram sequestrados e mantidos em um local sem água ou comida", explicou o Ministério Público em um comunicado. "Os ocupantes agrediram um (dos soldados) com um martelo", acrescenta a nota.

"Os quatro homens admitiram a culpa e pediram desculpas", segundo o texto do MP.


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