Presidente de Angola confirma novo mandato após 33 anos de governo

Presidente de Angola confirma novo mandato após 33 anos de governo

José Eduardo dos Santos reprimiu oposição por denúncias de corrupção nas eleições legislativas

AFP

Presidente de Angola confirma permanência no poder em eleições legislativas

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O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, no poder há 33 anos, foi reeleito após a votação legislativa de sexta-feira, vencida por seu partido na nação africana. O anúncio foi feito neste domingo pelo Jornal de Angola, alinhado com o governo. "O MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola) é o grande vencedor das eleições gerais de 2012, e tudo aponta para uma vitória por mais de 75% dos votos", destaca o periódico.

Segundo a nova Constituição aprovada em 2010, o líder do partido vencedor nas urnas é automaticamente o presidente da República por um período de cinco anos. Foi uma nova manobra para Santos, de 70 anos, permanecer no poder sem a necessidade de um pleito presidencial de re-eleição.

O jornal oficial informa ainda que a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita) confirmou o posto de segunda força política do país e que o novo partido opositor Casa sofreu uma "grande derrota". De acordo com resultados parciais divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), após a apuração de 85% das urnas o MPLA tinha 73% dos votos (contra 81% nas eleições de 2008); a Unita, 18,2%; e o partido Casa, 5,6%.

A oposição anunciou que estava reunindo provas de fraudes na votação, na qual os angolanos escolheram os 220 membros do Parlamento. "A Unita se prepara para apresentar documentos que mostram que os resultados divulgados pela CNE não são idênticos aos constatados pelos fiscais nos colégios eleitorais", afirmou nota oficial da sigla.

Apesar das críticas da oposição sobre a falta de transparência na segunda votação desde o fim da guerra civil, em 2002, os angolanos compareceram às urnas em um ambiente de tranquilidade. Santos está à frente do segundo maior produtor de petróleo da África desde 1979. Ele nunca foi eleito diretamente pelo povo. O presidente tem um forte controle das instituições. Além de chefe de Estado, ele é comandante das Forças Armadas, chefe de Governo e da polícia, e nomeia os principais juízes.

Durante a campanha, prometeu continuar com a reconstrução do país após a guerra civil (1975 a 2002) e redistribuir a riqueza. A imprensa local elogiou seu governo durante toda a campanha e deu pouco espaço para a oposição.
Seu principal rival, o presidente da Unita, Isaias Samakuva, de 66 anos, denunciou durante toda a campanha a falta de transparência das eleições.

A Unita afirma que os recursos do petróleo beneficiam exclusivamente a elite, começando pela família Santos. Samakuva esperava o apoio dos jovens angolanos, indignados com as construções de prédios luxuosos na capital Luanda, enquanto 55% da população vive na miséria. Em março de 2011, manifestações foram realizadas, com jovens que pediram a renúncia de Santos e o fim de um regime autoritário e corrupto. Ex-militares também protestaram, com pedidos de indenizações e pensões. No entanto, os protestos foram reprimidos.


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