Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola anuncia ampla reforma após escândalo

Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola anuncia ampla reforma após escândalo

Pacote que deve estar pronto em 2023 terá reforço dos sistemas de proteção de denunciantes

AFP

Presidente do parlamento prometeu reformas já para 2023

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A presidente do Parlamento Europeu, a maltesa Roberta Metsola, anunciou nesta quinta-feira (15) o início de uma "ampla reforma" dos mecanismos de controle na instituição, em resposta ao escândalo que levou à detenção de uma influente eurodeputada grega. "A partir de hoje, estou preparando um pacote de ampla reforma que deve estar pronto no novo ano. Isso incluirá o fortalecimento dos sistemas de proteção de denunciantes", afirmou Metsola, após falar em uma cúpula de líderes da União Europeia.

" Esse pacote  também se concentrará em uma proibição [do acesso] a todos os grupos de amizade não oficiais, uma revisão das regras do nosso código de conduta e uma revisão completa de como interagimos com terceiros países". Segundo Roberta, ainda que há problemas no atual regulamento que devem ser resolvidas. "Há fissuras que temos de fechar, como quando falamos, por exemplo, da atividade de ex-membros do Parlamento Europeu, de quem está na lista da transparência, ou de quem pode entrar no Parlamento Europeu".

No fim de semana passado, o Poder Legislativo da União Europeia foi abalado pela prisão de quatro pessoas, entre elas a eurodeputada grega Eva Kaili, sob suspeita de aceitarem subornos do Catar. Segundo Metsola, a ONG No Peace without Justice, que também estaria envolvida no escândalo, tinha nada menos do que 11 pessoas acreditadas no Parlamento. Essas acreditações foram suspensas, afirmou. Ela  também revelou  que recebeu um convite formal do Catar para visitar o país por ocasião da Copa do Mundo de futebol, mas que recusou o convite. "Rejeitei, porque tenho preocupações em relação a esse país", declarou Metsola, acrescentando que também rejeitou um pedido de representantes do Catar de falar na plenária do Parlamento Europeu.

 Regras mais rígidas

O Catar negou veementemente as acusações, mas uma fonte judicial na Bélgica confirmou à AFP que é este país que está no centro da investigação belga. A eurodeputada socialdemocrata grega Eva Kaili, então vice-presidente do Parlamento Europeu, foi presa no fim de semana. A audiência para decidir se ela permanecerá detida está marcada para 22 de dezembro.

Entre os detidos, estão o companheiro de Kaili, Francesco Giorgi, e o ex-deputado italiano Pier Antonio Panzeri. Também detido, Nicolo Figa-Talamanca (diretor da ONG citada por Metsola), foi solto, mas terá de usar tornozeleira eletrônica. Na casa de Kaili, em Bruxelas, os investigadores belgas encontraram sacolas com cerca de 150 mil euros em dinheiro. Seu pai foi localizado com uma mala com 750 mil euros em espécie e, na casa de Panzeri, mais 600 mil euros, também em dinheiro vivo.

Nesta quinta-feira, a procuradora-geral da UE, Laura Kovesi, solicitou formalmente o levantamento da imunidade parlamentar de Kaili e da eurodeputada grega Maria Spyraki, por suspeitas de fraude em pagamentos realizados para assessores parlamentares.

Em Estrasburgo, França, onde acontece a sessão plenária do Parlamento Europeu esta semana, os eurodeputados pediram a suspensão "imediata" do acesso e das credenciais de representantes dos interesses do Catar às dependências do Legislativo, pelo menos enquanto durarem as investigações. "No final das contas, este caso trata de indivíduos que se encontraram em uma situação em que não podiam recusar uma sacola cheia de dinheiro, mas também uma situação em que essas sacolas de dinheiro foram oferecidas", avaliou Metsola, em Bruxelas. "Certas coisas que aconteceram neste contexto não voltarão a acontecer", prometeu.

 

 

 


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