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Verão

Especial

Presidente do Peru propõe eleições antecipadas depois de protestos que deixaram dois mortos

Proposta implica reduzir seu mandato em dois anos e pretende aplacar a indignação da população

| Foto: Cris Bouroncle / AFP / CP

A presidente do Peru, Dina Boluarte, anunciou na madrugada desta segunda-feira que apresentará um projeto de lei ao Parlamento para antecipar as eleições para abril de 2024 após as manifestações em várias cidades do país que deixaram dois mortos.

"Interpretando a vontade da cidadania (...) decidi tomar a iniciativa para alcançar um acordo com o Congresso da República para antecipar as eleições gerais para o mês de abril de 2024", disse Boluarte em uma mensagem à nação exibida na televisão nos primeiros minutos da segunda-feira.

A proposta implica reduzir seu mandato em dois anos e pretende aplacar a indignação da população, que exige a convocação imediata de eleições presidenciais e legislativas.

Boluarte, que assumiu o governo na quarta-feira passada, após uma tentativa frustrada de golpe de Estado do então presidente Pedro Castillo, anunciou um estado de emergência nas áreas do país que registram protestos violentos.

"Com o mesmo sentido patriótico, anuncio a declaração de estado de emergência nas zonas de alto conflito social para recuperar pacificamente o controle da ordem interna", afirmou. A nova presidente lamentou a morte de dois manifestantes em Andahuaylas durante a repressão policial.

 

Protestos

As manifestações aumentaram em várias cidades do norte e do sul andino em repúdio ao Congresso e também para pedir a libertação do ex-presidente esquerdista Pedro Castillo, destituído pelo Congresso e detido por ordem judicial por sete dias desde quarta-feira passada.

Na cidade andina de Andahuaylas, no sul, o Ministério do Interior informou que duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas, incluindo um policial, após confrontos violentos em uma tentativa de manifestantes de invadir o aeroporto da cidade.

A tropa de choque da polícia foi enviada ao aeroporto para conter os milhares de manifestantes em Andahuaylas, que fica na região de Apurimac, de onde Boluarte é originária. A delegacia de Huancabamba, uma localidade da região de Apurímac, foi incendiada, segundo a rádio RPP. No sábado, confrontos em Andahuaylas terminaram com 16 civis e quatro policiais feridos.

Milhares de pessoas protestaram nas ruas de Cajamarca, Arequipa, Tacna, Andahuaylas, Huancayo, Cusco e Puno. 

"Greve por tempo indeterminado"

Enquanto isso, sindicatos rurais e organizações representativas dos povos indígenas convocaram uma "greve por tempo indeterminado" a partir de terça-feira em apoio a Castillo, que vem de uma família de camponeses.

Eles exigem a suspensão do Congresso, a realização de eleições antecipadas e uma nova Constituição, assim como a libertação imediata de Castillo, segundo um comunicado da Frente Agrária e Rural do Peru, que reúne cerca uma dúzia de organizações.

A Frente Rural afirma que Castillo "não praticou um golpe de Estado" na quarta-feira, quando ele anunciou a suspensão do Congresso e disse que governaria por decreto, o que levou a sua destituição pelo Parlamento e a posse da até então vice-presidente Boluarte.

Em Lima, a polícia dispersou com gás lacrimogêneo na tarde de domingo uma manifestação nas proximidades do Congresso em apoio a Castillo.

A capital do país sempre rejeitou Castillo, um professor rural e líder sindical que não tinha contato com as elites peruanas, enquanto as regiões andinas expressam apoio ao esquerdista desde as eleições de 2021.

O Congresso, dominado pela direita, suspendeu uma sessão na tarde de domingo para analisar a situação do país depois de uma briga entre dois deputados.

Castillo foi detido por sua própria equipe de segurança quando seguia para a embaixada do México para pedir asilo político. O Ministério Público o acusa de rebelião e conspiração. Ele já era investigado por corrupção.

Boluarte formou um governo no sábado de perfil independente e técnico, com o ex-procurador Pedro Angulo como primeiro-ministro.

Drogado?

Ao mesmo tempo, cresce a polêmica sobre a versão de um ex-chefe de gabinete e do advogado de Castillo de que o ex-presidente estava dopado ao ler a mensagem na qual anunciava sua tentativa fracassada de golpe.

Em uma carta que teria escrito na prisão, Castillo afirma que um médico e enfermeiras "camuflados" e um promotor "sem rosto" (encapuzado) o "forçaram" a fazer exames de sangue na sexta-feira e no sábado, mas ele recusou por receio a respeito de sua segurança.

O presidente do Instituto Médico Legal, Francisco Brizuela, afirmou que "a perícia (para saber se ele estava drogado) não pôde ser realizada". 

AFP