Presidente iraniano defende diálogo e diz querer impedir guerra

Presidente iraniano defende diálogo e diz querer impedir guerra

Política de Rohani tem sido criticada por ultraconservadores no Irã

AFP

Rohani tem sido alvo de críticas da ala ultraconservadora do Irã

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O presidente iraniano, Hassan Rohani, declarou nesta quinta-feira que trabalha "diariamente para impedir a guerra", alguns dias depois que Washington e Teerã se enfrentaram no Iraque. Em um discurso televisionado, Rohani acrescentou: "para mim, é uma preocupação diária". Rohani deu essas declarações depois que Teerã atacou alvos militares dos Estados Unidos no Iraque, em 8 de janeiro, em resposta ao assassinato por Washington do general iraniano Qassem Soleimani cinco dias antes em Bagdá. Este último pico de tensão provocou pedidos de desescalada em um mundo que teme um conflito generalizado no Oriente Médio. 

Na quarta-feira, Rohani assegurou que o Irã obteve, por meio dos ataques com mísseis contra bases usadas pelo Exército americano, "a compensação militar" desejada pela morte de Soleimani, arquiteto da estratégia de seu país no Oriente Médio. Em seu discurso nesta quinta-feira, ele garantiu que as represálias iranianas, que causaram danos materiais significativos - mas nenhuma vítima segundo o Exército americano -, reforçaram a dissuasão iraniana diante das "ameaças" do presidente americano, Donald Trump. 

Críticas de ultraconservadores 

Um moderado no tabuleiro de xadrez político de seu país, Rohani também defendeu a política de abertura ao mundo que ele adotou desde sua primeira eleição em 2013, e que está sendo criticada pelos ultraconservadores. Ele voltou à questão do acordo nuclear iraniano internacional assinado em 2015, que está ameaçado desde que Trump retirou seu país unilateralmente em 2018. "Com este acordo, provamos na prática que é possível interagirmos com o mundo", afirmou Rohani. 

Rohani comentou que tem sido difícil administrar as críticas. "Eles nos dizem que há pessoas em quem vocês não devem confiar", continuou, referindo-se aos discursos dos ultraconservadores iranianos sobre a Europa e os Estados Unidos. "Isso é verdade e, se nos deparássemos apenas com pessoas dignas de confiança, a tarefa seria simples e fácil", acrescentou, também se referindo à natureza "imprevisível" de Donald Trump.

O presidente fez as observações na véspera de um esperado discurso do guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que presidirá a grande oração muçulmana semanal em Teerã na sexta-feira pela primeira vez em quase oito anos. Khamenei reitera regularmente que os europeus não são confiáveis e proibiu qualquer diálogo com o governo de Donald Trump. 


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