Primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, recebe ameaças de morte nas redes sociais

Primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, recebe ameaças de morte nas redes sociais

Polícia do país investiga postagens feitas do Twitter

Correio do Povo

Chefe de governo participou de cerimônia pública em homenagem às vítimas nesta sexta-feira

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A polícia da Nova Zelândia está investigando ameaças de morte à primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, nas redes sociais. Uma postagem no Twitter contendo uma foto de uma arma e a legenda "Você é a próxima" foi enviada na última quarta para a política, que ganhou destaque internacional pela postura de empatia e de forte apoio à comunidade muçulmana em Christchurch após o massacre promovido por um australiano de 28 anos. Membro do Partido Trabalhista, a chefe de governo levantou o tom para falar sobre o ataque, reformou a posse de arma no país, afirmou que se recusa a mencionar o nome do terrorista e que o país não será dividido.

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A mensagem enviada à Jacinda ficou no ar por cerca de 48 horas, até que foi apagada, junto com a conta do remetente, após denúncias de várias pessoas. O perfil em questão continha conteúdo anti-islâmico e discurso de ódia. Outro post no qual a primeira-ministra e a Polícia da Nova Zelândia foram mencionadas continha a mesma imagem com a legenda "Os próximos serão vocês". De acordo com o jornal The New Zealand Herald, um representante do gabinete disse que o Twitter "parece ter algoritmos para todo o resto e deve ao público o direito à proteção". Uma porta-voz da polícia afirmou à publicação que "a polícia está ciente de um comentário feito no Twitter e está fazendo investigações".

Conforme uma nota enviada pelo serviço de microblogging, "o Twitter proíbe ameaças violentas. "Agimos logo após recebermos o primeiro relatório sobre este Tweet e nossas equipes continuam a trabalhar de forma proativa para remover conteúdo violento e ilegal em relação ao ataque de Christchurch. Também continuamos a cooperar com a aplicação da lei para facilitar suas investigações, como requerido", lê-se no texto.

No dia 15 de março, data do atentado terrorista, Jacinda imediatamente usou a plataforma para se manifestar sobre o caso. "O que aconteceu em Christchurch é um ato extraordinário de violência sem precedentes. Não tem lugar na Nova Zelândia. Muitos dos afetados serão membros de nossas comunidades migrantes - a Nova Zelândia é sua casa - eles são nós. A pessoa que cometeu este ato violento não tem lugar aqui".

A primeira-ministra vestiu uma hijab durante uma visita a uma comunidade islâmica e ainda esteve em uma escola que teve dois de seus alunos mortos. Em discurso emocionado no Parlamento na última terça, a chefe de governo anunciou que nunca dirá o nome do atirador. "Ele buscou muitas coisas em seu ato de terror, entre elas a notoriedade. É por isso que vocêS nunca me ouvirão mencionar seu nome. Eu imploro, falem os nomes daqueles que perdemos em vez do nome do homem que os levou. Ele é um terrorista. Ele é um criminoso. Ele é um extremista. Mas ele vai, quando eu falar, ser alguém sem nome. Nós na Nova Zelândia não lhe daremos nada. Nem mesmo um nome”, disse.

Jacinda iniciou sua fala com a saudação árabe "As-Salaam-Alaikum" ("A paz esteja com você", e recomendou aos neozelandeses que reconhecessem a dor da comunidade muçulmana nesta sexta-feira - que é o dia de adoração dos muçulmanos. Hoje, houve uma cerimônia em homenagem às vítimas, e mulheres e homens em todo o país cobriram suas cabeças com véus. "É um convite simples a toda Nova Zelândia para demonstrar nosso apoio, mas também a nossa dor como neozelandeses", disse a organizadora da iniciativa Headscarf for Harmony ("véus pela harmonia"), Thaya Ashman.


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