Protesto contra Milei na Argentina tem adesão menor em meio a repressão

Protesto contra Milei na Argentina tem adesão menor em meio a repressão

Cerca de 10 mil pessoas se reuniram contra plano de forte ajuste fiscal e corte de benefícios

Estadão Conteúdo

Aparato impediu bloqueio de vias

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Milhares de pessoas desafiaram, nesta quarta-feira, a proibição de fechar as ruas na Argentina. Com forte aparato policial, no entanto, a adesão à primeira manifestação contra o presidente Javier Milei foi menor que a esperada. O protesto se dispersou às 18h, após a leitura da declaração dos movimentos sociais contra o “Plano Motosserra”, em referência ao símbolo da campanha do libertário, que propõe um forte ajuste fiscal contra a crise.

O plano para conter as manifestações foi elaborado pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, candidata da direita tradicional, que se juntou a Milei depois de ficar em terceiro lugar na eleição. Ao lado dela, o presidente assistiu à operação na sede da Polícia Federal, em Buenos Aires. De acordo com o jornal Clarín, foram mobilizados 5 mil agentes, sendo a maior parte da Polícia Federal e da polícia da cidade (2 mil cada). Os movimentos sociais conseguiram reunir cerca de 10 mil pessoas, segundo autoridades ouvidas pelo jornal argentino, bem menos do que os 50 mil que eram esperados.

Mesmo com um policial para cada dois manifestantes, houve confusão. Um vídeo divulgado pelo jornal La Nación mostrou um princípio de briga entre os manifestantes e as forças de segurança nos arredores da Praça de Maio. Ainda de acordo com a imprensa local, pelo menos duas pessoas foram detidas.

Habeas corpus

À tarde, um tribunal rejeitou o pedido de habeas corpus preventivo apresentado por ativistas contra o plano de segurança do governo. A decisão afirma que "não existem atualmente limitações, restrições ou ameaças à liberdade e os direitos são sujeitos a limitações razoáveis”. Entre os autores da decisão está o juiz Marcelo Lucini, cotado pelo governo para o cargo de procurador.

O protocolo apresentado na semana passada pelo governo pretende impedir bloqueios de ruas, vias e pontes em manifestações na cidade de Buenos Aires, epicentro dos grandes protestos na Argentina. O texto afirma que as quatro forças federais, mais o serviço penitenciário federal, intervirão contra paralisações, piquetes e bloqueios, sejam parciais ou totais. "Só porque existe uma rota alternativa não significa que a rota principal possa permanecer fechada”, afirmou Bullrich.

Historicamente, movimentos sociais protestam em 20 de dezembro para relembrar o massacre da Praça de Maio de 2001. Na ocasião, 39 pessoas morreram na marcha que pedia a renúncia do então ministro da Economia, Domingo Cavallo, em meio a uma efervescência social causada pela crise econômica. Este ano, sindicatos e movimentos sociais criticaram as medidas econômicas do novo presidente e prometeram enfrentar o protocolo de Bullrich. O governo chegou a ameaçar cortar benefícios sociais de quem fosse flagrado por câmeras de reconhecimento facial fechando as vias.


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