Protestos e distúrbios aumentam na África do Sul antes de revisão da pena de Zuma

Protestos e distúrbios aumentam na África do Sul antes de revisão da pena de Zuma

Situação econômica do país e restrições aplicadas em razão da terceira onda da pandemia do coronavírus contribuíram para tensão no país

AFP

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Os confrontos entre manifestantes e agentes da polícia, bem como os saques a lojas, continuavam nesta segunda-feira (12) na África do Sul pelo quarto dia após a entrada na prisão, na última quinta (8), do ex-presidente Jacob Zuma, levando o Exército a enviar tropas para duas províncias afetadas.

Os distúrbios desencadeados após a prisão de Zuma também são motivados pela difícil situação econômica do país e pelas restrições aplicadas em razão da terceira onda da pandemia do coronavírus.

O clima de tensão no país ocorre ao mesmo tempo em que o Tribunal Constitucional revê a sua decisão. A corte ordenou a detenção de Zuma por sua recusa a testemunhar perante uma comissão de inquérito sobre a corrupção do Estado durante seu mandato (2009-2018).

Nesta segunda, o ex-presidente solicitou ao Tribunal Constitucional que o liberte da prisão, anulando a pena de 15 meses que lhe foi imposta por desacato.

"Presidente Teflon"

Afastado do cargo em 2018, devido a escândalos de corrupção, Zuma quer a anulação da sentença, alegando que foi imposta à revelia. Se não funcionar, sua equipe tentará convencer os juízes de que a prisão não é a sanção adequada diante do crime constituído, por diversos motivos. Entre eles, suas consequências para a saúde de Zuma, de 79 anos.

O político, que está na moderna prisão de Estcourt na região zulu, perto das montanhas Drakensberg, argumenta ainda que a pandemia significa que não há perigo de fuga.

O outrora apelidado "presidente teflon", por sua capacidade de escapar da Justiça, passou sua primeira noite na prisão na quinta-feira. Ele se entregou às autoridades meia hora antes do término do prazo de três dias imposto pelo tribunal.

Envio do Exército 

O Exército anunciou nesta segunda-feira a instalação de tropas nas províncias de Joanesburgo e de KwaZulu-Natal (leste) para ajudar a polícia a controlar os atos de violência e os saques que eclodiram no domingo.

Em um contexto de desespero econômico, devido ao confinamento, a polícia foi incapaz, nos últimos dias, de conter os distúrbios que começaram em KwaZulu-Natal, onde Zuma foi preso na quinta-feira. De lá, os confrontos se espalharam para a capital econômica, Joanesburgo.

As televisões locais transmitem ao vivo imagens da situação, com estradas bloqueadas, e shopping centers, saqueados, na província de Kwazulu-Natal. Nas imagens, uma imensa nuvem de fumaça podia ser vista, escapando do telhado do shopping center Brookside, em Pietermaritzburg (leste). Enquanto isso, a multidão deixava o prédio em chamas com carrinhos cheios de mercadorias.

Ao meio-dia desta segunda-feira, soldados já podiam ser vistos patrulhando as ruas de Pietermaritzburg, embora o Exército tenha afirmado, em uma declaração, que "a implantação começará quando todos os procedimentos" preparativos estiverem prontos.

Além disso, caminhões foram incendiados ao longo de uma rodovia nacional perto de Durban, um dos maiores portos do sul da África. Também houve dezenas de incêndios de automóveis em Joanesburgo e em KwaZulu-Natal.

O presidente Cyril Ramaphosa reiterou seu pedido de calma no domingo à tarde, expressando sua preocupação com os protestos "esporádicos, mas cada vez mais violentos". A polícia afirmou que mais de 200 pessoas foram detidas.


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