Protestos se intensificam na Nicarágua e Exército se afasta de Ortega
Mais de 100 pessoas ficaram feridas em Masaya após confrontos
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Os choques, que se espalharam em oito cidades do país, foram mais violentos em Masaya (sul), onde a Associação Nicaraguense de Proteção dos Direitos Humanos (ANPD) reportou mais de 100 feridos. "Me foi comunicado que há uma morte (em Masaya), que há vários feridos. Convido a todos a buscarem conter essa situação que está causando mais dor" ao povo, lamentou o presidente da Conferência Episcopal, cardeal Leopoldo Brenes.
Enquanto se registravam os conflitos, o presidente Ortega convocou o fim da violência e afirmou que "a paz é o caminho e a única porta para a convivência". "Queremos reiterar o chamado e o compromisso de pôr fim à morte e à destruição. Que não se siga derramando sangue de irmãos", disse em comunicado lido na televisão.
Já em Chantales (leste), mais de mil agricultores bloquearam o trânsito, afetando a passagem de caminhões que levam alimentos para os mercados da capital. Em Manágua, no maior centro de compras da Nicarágua, os comerciantes construíram barricadas para se defender de ladrões, que tentaram, na sexta-feira, roubar o local. Estudantes universitários também saíram às ruas no sábado para protestar na capital.
Em paralelo, o governo denunciou a queima de duas prefeituras, uma casa do Partido Sandinista e um caminhão por parte de "grupos de vândalos", acusados de "desestabilizar" o país. Informou também que a casa da deputada Jacaranda Fernandés foi saqueada por criminosos.
A jornada de protestos acontece em meio aos esforços da Conferência Episcopal para acalmar os ânimos e convocar um diálogo, no qual seriam mediadores. "Estamos de acordo em trabalhar cada um dos pontos levantados (pelos bispos), levando em conta que todos refletem sua boa vontade como mediadores e testemunhas", respondeu Ortega, ainda que não tenha especificado como, nem quando, começará a cumprir as demandas.