Putin anuncia candidatura à presidência da Rússia na eleição de 2024

Putin anuncia candidatura à presidência da Rússia na eleição de 2024

Com mudança recente na Constituição, atual presidente poderá termais dois mandatos de 6 anos

AFP

Vladimir Putin vai receber Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, em Moscou

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O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta sexta-feira (8), durante uma cerimônia, que vai concorrer novamente ao cargo na eleição presidencial de março de 2024, informaram as três principais agências de notícias do país. Ele comunicou ao tenente-coronel Artyom Zhoga, um oficial do Exército russo, sua decisão de participar das próximas eleições, após uma cerimônia de entrega de prêmios para militares no Kremlin.

Putin está no comando do país desde 2000, e deveria, encerrar sua carreira ao final de seu atual mandato em 2024. Porém, em  2021, um ano após aprovar uma reforma constitucional, entrou em vigor a lei que permite que ele dispute mais dois novos mandatos de seis anos. Com isso, ele poderá ficar no comando do Kremlin até 2036. 

Anúncio durante entrega de prêmios

O presidente fez o anúncio durante uma cerimônia de entrega de prêmios militares no Kremlin, que incluiu combatentes que participaram da ofensiva na Ucrânia, iniciada por Putin em fevereiro de 2022.

"Não escondo, tive posturas diferentes em momentos diferentes, mas este é um momento em que é preciso tomar uma decisão", disse à margem da cerimônia. 

"Vou concorrer à presidência", disse Putin. "Hoje não havia outra opção", acrescentou. 

Um participante na cerimônia, Artiom Zhoga, combatente e membro do Parlamento russo local em Donetsk (uma cidade ocupada no leste da Ucrânia), saudou a notícia. 

"Estamos muito felizes que o presidente tenha ouvido o nosso pedido e se candidatado", disse Zhoga, citado pela agência de notícias estatal RIA Novosti. "A Rússia precisa disso".

Sem adversários

Nesta disputa, Putin não enfrenta nenhum adversário relevante e, segundo analistas, é provável que busque ampliar o seu poder para esconder as diferenças internas sobre a ofensiva na Ucrânia. 

Cinco grandes partidos foram autorizados a apresentar um candidato para as eleições de 2024 sem recolher assinaturas, todos eles apoiadores do Kremlin e da operação na Ucrânia. 

Vários grupos de direitos humanos afirmam que as eleições anteriores foram marcadas por irregularidades e que o trabalho dos observadores independentes provavelmente não será permitido.

A nova candidatura de Putin é possível graças a uma polêmica reforma constitucional aprovada em 2020.

Graças a esta emenda, Putin poderá concorrer em 2024 e, se vencer, poderá concorrer à reeleição em 2030, o que significa que pode permanecer no poder até 2036, quando completará 84 anos. 

Depois de um 2022 difícil, marcado por reveses no front e por uma série de sanções ocidentais, a Rússia está em uma situação melhor devido ao fracasso da grande contraofensiva da Ucrânia, à erosão do apoio dos Estados Unidos e da Europa a Kiev e ao reajuste da economia nacional.

Quase todos os opositores de alto perfil, incluindo o ativista anticorrupção Alexei Navalny, foram presos ou forçados ao exílio. Além disso, qualquer crítica à operação contra a Ucrânia é duramente punida nos tribunais.

"Uma paródia"

Navalny cumpre atualmente uma pena de 19 anos de prisão por acusações que os seus apoiadores afirmam serem falsas. 

Em um comunicado divulgado pela sua equipe na quinta-feira, Navalny encorajou os russos a votarem em "qualquer outro candidato" sem ser Putin e chamou a eleição de "farsa".

Putin é um ex-agente da KGB soviética e entrou na política como prefeito de São Petersburgo. Em 1999 foi nomeado primeiro-ministro durante o governo de Boris Yeltsin, a quem mais tarde substituiu como presidente interino até sua primeira eleição, em 2000. 

Ele ficou no poder por dois mandatos até 2008 e depois, como estava proibido de concorrer novamente, assumiu o cargo de primeiro-ministro durante o governo de Dmitri Medvedev.

Depois concorreu à chefia de Estado em 2012 e 2018. Ele desmantelou os avanços democráticos da década de 1990 e defendeu a nostalgia da União Soviética, com uma guinada conservadora. 

Desde que chegou ao poder, defendeu uma maior influência geopolítica com a segunda guerra da Chechênia (1999-2009), a invasão da Geórgia (2008), a intervenção na Síria (2015) e a anexação da península ucraniana da Crimeia, em 2014. 

A ofensiva da Rússia na Ucrânia em 2022 fez de Putin um pária entre as potências ocidentais, que adotaram uma onda de sanções sem precedentes, destinadas a cortar o financiamento para sua operação militar.

Estas restrições alimentaram um êxodo de empresas ocidentais e criaram perturbações na indústria, mas a economia russa mostrou resiliência e os índices de aprovação de Putin permaneceram em níveis elevados.


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