Putin chega a Belarus para se reunir com aliado Lukashenko após ataque contra Kiev

Putin chega a Belarus para se reunir com aliado Lukashenko após ataque contra Kiev

A Ucrânia teme Rússia use Belarus como plataforma de entrada para outra operação

AFP

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O presidente russo, Vladimir Putin, chegou a Belarus nesta segunda-feira (19) para se encontrar com o presidente Alexander Lukashenko, um aliado próximo na guerra contra a Ucrânia, poucas horas depois que um ataque de drones em Kiev deixou a região sem luz. "Rússia e Belarus estão abertas ao diálogo com outros Estados, inclusive europeus", disse Lukashenko no início da reunião, segundo imagens transmitidas pela televisão russa.

Ele pediu aos países ocidentais que "ouçam a voz da razão" e defendeu uma cooperação mais estreita com Moscou. Putin abordou questões de cooperação econômica entre os dois países, antes que a transmissão fosse interrompida.A cúpula entre os dois líderes ocorre em um momento em que as autoridades ucranianas temem que a Rússia lance uma nova ofensiva em larga escala contra Kiev nos primeiros meses de 2023.

A Ucrânia teme que tal operação use Belarus como plataforma de entrada, como ocorreu no início da invasão em 24 de fevereiro.O Exército russo alimentou esses temores, ao afirmar, nesta segunda-feira, que participaria de ações "táticas" em Belarus, depois que Minsk anunciou em outubro a formação de uma força conjunta com a Rússia composta por milhares de soldados.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou que o presidente russo tenha viajado para Belarus para convencer Minsk a se envolver diretamente no conflito na Ucrânia, chamando essas acusações de "estúpidas" e "sem fundamento".

 Sem água e eletricidade 

Na noite de domingo (18), a capital ucraniana, Kiev, sofreu uma série de ataques com drones russos. "Durante o alerta aéreo, 23 VANTs [veículos aéreos não tripulados] inimigos foram registrados no céu sobre a capital. A defesa aérea destruiu 18 drones", afirmou a administração militar de Kiev nas redes sociais.As autoridades locais informaram que várias infraestruturas e casas foram danificadas e que pelo menos três pessoas ficaram feridas. Após os ataques, a operadora de energia ucraniana Ukrenergo anunciou que vai impor cortes de energia em Kiev e em outras dez regiões, devido à "difícil" situação que a rede enfrenta.

"Primeiro ouvi uma sirene de alerta antiaéreo soar na rua. Pela primeira vez senti medo", contou à AFP Natalia Dobrovolska, de 68 anos, que mora em um bairro no oeste de Kiev. Por volta das 4h30, seu prédio foi abalado por uma forte explosão, seguida de mais duas detonações e mais explosões uma hora depois. Desde então, a energia elétrica foi cortada.

Igor, um fotógrafo de 35 anos que mora no noroeste de Kiev, também acordou assustado."Ouvimos uma forte explosão e vimos um incêndio pela janela", disse ele. "Agora quase não temos rede móvel, não temos eletricidade, nem água", acrescentou. Moscou, por sua vez, informou que derrubou quatro mísseis HARM de fabricação americana que sobrevoavam o espaço aéreo da região russa de Belgorod.

Além disso, a Rússia anunciou que vários de seus navios de guerra participarão, a partir desta semana, de exercícios conjuntos com a Marinha chinesa, mais um sinal de aproximação entre Moscou e Pequim em relação aos países ocidentais.

Temores de um ataque 

Desde que a Rússia sofreu uma série de reveses militares nos últimos meses, tem optado por uma estratégia de lançar bombardeios em massa contra usinas e infraestrutura do país, deixando milhões de ucranianos sem energia e água às vésperas do início do inverno (verão no Brasil).

França e União Europeia (UE) disseram que os ataques russos à infraestrutura civil constituem crimes de guerra, e o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, chamou-os de "bárbaros". O Ministério da Defesa da Rússia diz que seus ataques visam a atingir as Forças Armadas ucranianas e as instalações de energia, além de interromper "a transferência de armas e de munições de fabricação estrangeira".

Neste cenário, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, anunciou hoje que seu país manterá a ajuda militar à Ucrânia em 2023. O deslocamento de Putin é sua primeira viagem a Belarus em três anos e acontece em um momento em que o Exército ucraniano vigia a fronteira com este país por temer um novo ataque nesta frente. Durante seu discurso diário, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, insistiu em que "a proteção da fronteira com Rússia e Belarus" é uma "prioridade constante". "Nos preparamos para todos os cenários possíveis", disse ele.


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