Putin e Xi elogiam relações de Rússia e China frente ao Ocidente

Putin e Xi elogiam relações de Rússia e China frente ao Ocidente

Reunião é a primeira entre os dois líderes desde Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim

AFP

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Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, se reuniram nesta quinta-feira (15) na cidade uzbeque de Samarkand, à margem de um encontro de cúpula com outros líderes da região considerada um contrapeso à influência global do Ocidente. Organizado entre quinta-feira e sexta-feira nesta antiga escala da Rota da Seda, o encontro da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) também terá as presenças dos líderes da Índia, Paquistão, Turquia, Irã e outros países.

A principal reunião acontecerá na sexta-feira, mas o evento que gera mais interesse é a reunião entre os líderes da Rússia e da China. É a primeira viagem ao exterior do presidente chinês desde o início da pandemia de covid-19.

Para Putin, é uma oportunidade de demonstrar que a Rússia não pode ser isolada internacionalmente, apesar da invasão da Ucrânia, onde suas tropas sofreram consideráveis derrotas militares.

Xi poderá exibir suas credenciais como dirigente global antes do importante congresso do Partido Comunista em outubro, no qual buscará o terceiro mandato.

E para os dois, o encontro de cúpula é uma oportunidade para desafiar o Ocidente, em particular os Estados Unidos, país que liderou a adoção de sanções contra a Rússia pela guerra na Ucrânia e que irritou a China com as demonstrações de apoio a Taiwan.

O presidente russo, por sua vez, criticou os Estados Unidos, que lideram a ajuda militar à Ucrânia, bem como as sanções internacionais contra Moscou. "As tentativas de criar um mundo unipolar tomaram recentemente uma forma absolutamente horrível e são completamente inaceitáveis", disse Putin. "Apreciamos muito a posição equilibrada de nossos amigos chineses em relação à crise ucraniana", acrescentou.

O presidente russo reiterou o apoio de Moscou a Pequim em relação a Taiwan, onde as visitas de autoridades americanas nas últimas semanas atraíram a ira chinesa. "Condenamos a provocação dos EUA", disse ele, enfatizando que Moscou adere ao princípio "uma China", segundo o qual Taiwan é parte integrante do território chinês.

Em um sinal de sua reaproximação diante das tensões ocidentais, navios russos e chineses realizaram uma patrulha conjunta no Oceano Pacífico na quinta-feira para "fortalecer sua cooperação marítima".

De acordo com a mídia estatal em Pequim na quinta-feira citando o presidente Xi, a China está disposta a apoiar a Rússia sobre "os interesses fundamentais" de ambos os países.

A China até agora não apoiou abertamente a guerra na Ucrânia, mas desenvolveu laços econômicos e estratégicos com a Rússia nesses meses de conflito e Xi expressou apoio à "soberania e segurança" do gigante eurasiano.

Alternativa ao Ocidente

Esta reunião é a primeira entre Xi e Putin desde que se encontraram em Pequim em fevereiro para os Jogos Olímpicos de Inverno, pouco antes de a Rússia lançar sua ofensiva contra a Ucrânia. Assim, ambos celebraram uma amizade "sem limites".

O presidente chinês também se reunirá no Uzbequistão com seu colega bielorrusso, Alexander Lukashenko, um aliado próximo da Rússia, que é membro da SCO como observador.

A SCO, formada por China, Rússia, Índia, Paquistão, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tajiquistão, foi fundada em 2001 como uma organização política, econômica e de segurança para rivalizar com as instituições ocidentais.

Não é uma aliança militar formal como a Otan ou um bloco integrado como a União Europeia, mas seus membros trabalham juntos em questões de segurança, cooperação militar e promoção comercial.

"A OCX oferece uma alternativa real às organizações centradas no Ocidente", disse o conselheiro de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, esta semana.

Além de Xi, Putin se reuniu com o presidente iraniano Ebrahim Raisi na quinta-feira. A programação de sexta-feira inclui encontros com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi e o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

A agenda bilateral de Xi ainda não está clara. Um possível encontro com o indiano Modi está sendo considerado, o primeiro desde 2019 e desde os confrontos armados mortais de 2020 na disputada fronteira do Himalaia.

 


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