Quatro perguntas para entender a crise diplomática entre Rússia, Estados Unidos e Ucrânia

Quatro perguntas para entender a crise diplomática entre Rússia, Estados Unidos e Ucrânia

Há semanas, a Otan, os Estados Unidos e os europeus acusam a Moscou de querer invadir a fronteira ucraniana

AFP

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Há semanas, a Otan, os Estados Unidos e os europeus acusam a Rússia de querer invadir a Ucrânia, o que Moscou nega. Entre a guerra de palavras, ameaças de retaliação e uma cúpula virtual entre Joe Biden e Vladimir Putin, aqui estão quatro perguntas para entender a crise.

O risco de invasão é real?

Kiev e seus aliados ocidentais acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de homens na fronteira com a Ucrânia, prevendo uma invasão que o comando militar ucraniano considera possível a partir do final de janeiro.

Moscou afirmou que se trata de movimentos de rotina. "Tudo o que a Rússia faz é feito no território da Federação", destacou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na quarta-feira. Especialistas se perguntam sobre a viabilidade de uma ofensiva quando o inverno chegar contra um exército ucraniano aguerrido por mais de sete anos de conflito contra os separatistas pró-russos.

Um confronto russo-ucraniano pode representar um balanço humano e financeiro proibitivo. O Kremlin e seu exército, porém, são capazes de atuar muito rapidamente, como no caso da anexação da Crimeia em 2014. Em 2008, o exército russo também derrotou em apenas cinco dias o exército georgiano que tentou recuperar a região separatista da Ossétia do Sul.

O que Putin deseja?

Moscou lembra constantemente que tem "linhas vermelhas" e enfatiza que a Ucrânia se aproxima delas perigosamente com drones militares turcos, reafirmando sua ambição de ingressar na Otan e exigindo mais armas ocidentais.

Em sua conversa na terça-feira com Biden, Putin exigiu "garantias legais" que impeçam a possibilidade de a Ucrânia ingressar na Aliança, acusando os ocidentais de trair sua promessa do final da Guerra Fria de não expandir a Otan para o leste.

"A Rússia realiza uma política externa de paz, mas tem o direito de proteger sua segurança", declarou o presidente russo na quarta, estimando que deixar a Otan se aproximar sem reagir seria "criminoso".

O Kremlin também denuncia as atividades da Otan no Mar Negro. Mas, ao mesmo tempo, Moscou quer retomar com Washington questões-chave como a estabilidade estratégica, o nuclear iraniano e consolidar sua posição de poder.

E os Estados Unidos?

Durante a reunião, Biden ameaçou o presidente russo com sanções "nunca vistas antes" em caso de ofensiva contra a Ucrânia. Washington também se declarou pronto para reforçar sua presença militar no Leste Europeu. Mas Biden descartou o envio de tropas americanas para apoiar os ucranianos, uma vez que Kiev não é membro da Otan, uma organização cujos membros devem ajudar-se mutuamente em caso de agressão.

Washington, como os europeus, deixou claro que a adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica não está planejada, o que frustra a Ucrânia. Por último, Washington também deseja retomar a cooperação com a Rússia em questões que vão além da Ucrânia, como o desarmamento e a cibersegurança.

Qual é situação no terreno?

A situação na fronteira é tensa, mas não parece ter piorado muito nas últimas semanas. "O número de violações do cessar-fogo relatadas nas últimas duas semanas é menor do que nas duas semanas anteriores", disse a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa na quarta-feira, embora tenha dito estar "preocupada" com as tensões.

Do lado da Rússia, dezenas de milhares de militares estão destacados não muito longe da Ucrânia, mas uma grande parte já estava desde a primavera e um período anterior das tensão.


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