Rússia bombardeia redutos rebeldes na Síria antes de cessar-fogo

Rússia bombardeia redutos rebeldes na Síria antes de cessar-fogo

Trégua deve começar neste sábado

AFP

Rússia bombardeia redutos rebeldes na Síria antes de cessar-fogo

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A aviação russa intensificou nesta sexta-feira seus ataques contra redutos rebeldes na Síria, poucas horas antes da esperada entrada em vigor de um cessar-fogo patrocinado pela Rússia e os Estados Unidos.

Esta trégua entre o regime e os rebeldes, a primeira do tipo em quase cinco anos de guerra, deve começar a partir de sábado, mas sua aplicação é muito complexa, dadas as alianças no terreno entre insurgentes e jihadistas excluídos do cessar-fogo. 

O regime de Bashar al-Assad

Uma centena de facções rebeldes e as forças curdas disseram que respeitariam o cessar-fogo neste conflito que já custou mais de 270 mil vidas, deslocou mais de metade da população e desestabiliza o Oriente Médio e Europa. Mas o regime, apoiado por seu aliado russo, bem como a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, continuam a atacar os grupos jihadistas Estado Islâmico (EI) e Frente Al-Nosra, o ramo sírio da Al-Qaeda, que ocupam mais metade da Síria.

Os rebeldes sírios também estão enfraquecidos pela expansão dos jihadistas e controlam apenas uma pequena parte do território, especialmente perto de Damasco, Aleppo (Norte) e Homs (Centro) e parte do Sul do país. A aviação russa tem bombardeado violentamente estes redutos rebeldes. "Os ataques são mais intensos em Ghuta oriental, a leste de Damasco, nas províncias de Homs e de Aleppo", segundo o Observatório sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Marcar pontos

Intensos ataques também atingiram Jobar, bairro periférico de Damasco onde a Al-Nusra é influente. "É como se eles (russos e regime) quisessem marcar pontos sobre os rebeldes antes da tregua", considerou Rami Abdel Rahmane, diretor do OSDH. "É claro, a aviação russa continua sua operação na Síria. Apoia as forças armadas (de Damasco) e mira nas organizações terroristas, o Estado Islâmico, a Frente Al-Nosra e os grupos incluídos na lista negra do Conselho de Segurança da ONU", declarou o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov.

"Mesmo depois da entrada em vigor do cessar-fogo, nossa ofensiva contra as organizações terroristas não vai parar", afirmou, ressaltando que "é um dos pontos de acordo entre os presidentes russo e americano". Em Genebra, as negociações prosseguem para tentar finalizar as modalidades da trégua. Na parte desta, representantes de 17 países e organizaçãoes e dirigidos por Washington e Moscou vão se reunir, antes de uma reunião do emissário especial da ONU Staffan de Mistura com o Conselho de Segurança da ONU. Segundo diplomatas, o Conselho deverá adotar na ocasião uma resolução sobre o acordo de cessar-fogo.

Trégua entre Rússia e América

Para o presidente russo Vladimir Putin, a resolução pacífica do conflito será difícil e a trégua se destina a "criar as condições para que um tal processo político seja iniciado". Os Estados Unidos, que apoiam a oposição a Assad, disse não ter "muitas ilusões" sobre a trégua. Enquanto o presidente Barack Obama alertou o regime e Moscou que "o mundo estará observando o cessar-fogo" na Síria.

"Todo o mundo sabe o que deve acontecer: todas as partes devem por fim aos ataques, inclusive ataques aéreos e deve-se poder realizar a ajuda humanitária nas zonas assediadas", lembrou Obama, enquanto civis morreram de fome em algumas localidades sitiadas. A Turquia, na fronteira com a Síria e que entrou recentemente no conflito, declarou estar "seriamente preocupada" com a viabilidade do cessar-fogo. A aviação turca bombardeira as forças curdas sírias e considera que não está comprometida com a trégua.

Um rebelde sírio em Aleppo, Abu Rifaat, resume: "Esta é uma trégua entre Rússia e Estados Unidos, que impõem um cessar-fogo e que consideram como extremista e terrorista qualquer um que não aceitá-lo. É um pretexto para nos bombardear".


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