Regime sírio ataca últimas regiões rebeldes em Ghuta Oriental
No Norte do país, curdos se preparam para possível ataque turco
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Várias ONGs expressaram preocupação e advertiram sobre o desespero dessas populações. Para escapar dos bombardeios do regime em Ghuta Oriental, último reduto insurgente perto de Damasco, quase 70 mil pessoas fugiram dos territórios rebeldes nos últimos dias.
Desde o lançamento da ofensiva do regime de Bashar al-Assad, em 18 de fevereiro, os ataques aéreos mataram mais de 1.450 civis, incluindo 297 crianças, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Em um mês de operações aéreas e terrestres, o regime, apoiado por seu aliado russo, reconquistou mais de 80% do enclave. Na última segunda-feira à noite, 20 civis, incluindo 16 crianças, morreram em um ataque aéreo quando se escondiam em uma escola em Arbin, no sul do enclave.
"O subsolo da escola era utilizado como abrigo", explicou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, indicando que o ataque foi provavelmente realizado pela aviação russa. Desde a última segunda-feira à noite, ao menos 15 ataques do regime visaram Duma, a maior cidade do enclave.
As equipes de resgate se concentram nos casos mais urgentes. O alto comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, denunciou os bombardeios incessantes contra milhares de civis "aterrorizados e pegos numa armadilha".
"As famílias fogem do enclave rebelde, mas muitos civis temem represálias em razão de seu suposto apoio aos grupos de oposição", afirmou. O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) também advertiu sobre as condições dos deslocados abrigados em centros "saturados". "As pessoas fazem filas durante horas para usar os banheiros e a maioria dos centros não têm iluminação", lamentou a agência
EI continua a ameaçar
Ao mesmo tempo, em Damasco, os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) provaram que continuam a representar uma ameaça, tomando um bairro na periferia sul da capital. "O EI assumiu o controle total de Qadam e 36 membros das forças do regime e combatentes aliados foram mortos", indicou o OSDH. Os jihadistas controlam atualmente menos de 5% do território sírio, após sofrerem seguidas derrotas para as forças do regime e para as forças curdo-árabes apoiadas por Washington.
Em outra frente da guerra, no norte da Síria, a Turquia afirmou nessa segunda-feira que está disposta a ampliar sua ofensiva contra uma milícia curda, depois de assumir o controle do enclave curdo de Afrin, em grande parte esvaziado de seus habitantes e palco de pilhagens. "Continuaremos esse processo até a destruição desse corredor - Minbej, Ain al-Arab (nome de Kobani em árabe), Tal Abyad, Ras al-Ain e Qamichli", no norte da Síria, advertiu o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
A polícia militar turca enviou agentes para Afrin nesta terça, de acordo com o OSDH, que descreveu uma situação de segurança "caótica". A ofensiva turca, lançada em 20 de janeiro, visava a milícia curda das Unidades de Proteção do Povo (YPG), classificada como "terrorista" por Ancara, mas valiosa aliada de Washington na luta contra o EI.
A administração local curda da região de Afrin prometeu que seus combatentes se tornariam um "pesadelo permanente" para o exército turco e seus aliados sírios. De acordo com o OSDH, células dormentes das YPG permanecem presentes em torno de Afrin.