Regime sírio ataca últimas regiões rebeldes em Ghuta Oriental

Regime sírio ataca últimas regiões rebeldes em Ghuta Oriental

No Norte do país, curdos se preparam para possível ataque turco

AFP

No norte do país, curdos se preparam para possível ataque turco

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O regime sírio continuava nesta terça-feira sua ofensiva contra os últimos bolsões rebeldes em Ghuta Oriental, nas proximidades de Damasco, enquanto no Norte do país os curdos derrotados em Afrin se preparam para a possibilidade de novos ataques turcos. Essas duas frentes distintas mas representativas da complexidade da guerra na Síria resultaram em uma das piores crises humanitárias desde o início do conflito em 2011, com milhares de civis deslocados pelos combates.

Várias ONGs expressaram preocupação e advertiram sobre o desespero dessas populações. Para escapar dos bombardeios do regime em Ghuta Oriental, último reduto insurgente perto de Damasco, quase 70 mil pessoas fugiram dos territórios rebeldes nos últimos dias.

Desde o lançamento da ofensiva do regime de Bashar al-Assad, em 18 de fevereiro, os ataques aéreos mataram mais de 1.450 civis, incluindo 297 crianças, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Em um mês de operações aéreas e terrestres, o regime, apoiado por seu aliado russo, reconquistou mais de 80% do enclave. Na última segunda-feira à noite, 20 civis, incluindo 16 crianças, morreram em um ataque aéreo quando se escondiam em uma escola em Arbin, no sul do enclave.

"O subsolo da escola era utilizado como abrigo", explicou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, indicando que o ataque foi provavelmente realizado pela aviação russa. Desde a última segunda-feira à noite, ao menos 15 ataques do regime visaram Duma, a maior cidade do enclave.

As equipes de resgate se concentram nos casos mais urgentes. O alto comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, denunciou os bombardeios incessantes contra milhares de civis "aterrorizados e pegos numa armadilha".

"As famílias fogem do enclave rebelde, mas muitos civis temem represálias em razão de seu suposto apoio aos grupos de oposição", afirmou. O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) também advertiu sobre as condições dos deslocados abrigados em centros "saturados". "As pessoas fazem filas durante horas para usar os banheiros e a maioria dos centros não têm iluminação", lamentou a agência

EI continua a ameaçar

Ao mesmo tempo, em Damasco, os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) provaram que continuam a representar uma ameaça, tomando um bairro na periferia sul da capital. "O EI assumiu o controle total de Qadam e 36 membros das forças do regime e combatentes aliados foram mortos", indicou o OSDH. Os jihadistas controlam atualmente menos de 5% do território sírio, após sofrerem seguidas derrotas para as forças do regime e para as forças curdo-árabes apoiadas por Washington.

Em outra frente da guerra, no norte da Síria, a Turquia afirmou nessa segunda-feira que está disposta a ampliar sua ofensiva contra uma milícia curda, depois de assumir o controle do enclave curdo de Afrin, em grande parte esvaziado de seus habitantes e palco de pilhagens. "Continuaremos esse processo até a destruição desse corredor - Minbej, Ain al-Arab (nome de Kobani em árabe), Tal Abyad, Ras al-Ain e Qamichli", no norte da Síria, advertiu o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

A polícia militar turca enviou agentes para Afrin nesta terça, de acordo com o OSDH, que descreveu uma situação de segurança "caótica". A ofensiva turca, lançada em 20 de janeiro, visava a milícia curda das Unidades de Proteção do Povo (YPG), classificada como "terrorista" por Ancara, mas valiosa aliada de Washington na luta contra o EI.

A administração local curda da região de Afrin prometeu que seus combatentes se tornariam um "pesadelo permanente" para o exército turco e seus aliados sírios. De acordo com o OSDH, células dormentes das YPG permanecem presentes em torno de Afrin.

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