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Especial

Reino Unido inicia "nova era" fora da União Europeia

Principal objetivo do país agora é negociar a relação comercial com Bruxelas, também com Washington, e superar divisões

"A cortina se abre para um novo ato em nosso grande drama nacional", disse Boris Johnson | Foto: OLIVIER HOSLET / POOL / AFP / CP

Fora da União Europeia (UE) pela primeira vez em quase 47 anos, o Reino Unido inicia neste sábado uma "nova era" em que terá como principal objetivo negociar a relação comercial com Bruxelas, mas também com Washington, e superar as divisões.

"A cortina se abre para um novo ato em nosso grande drama nacional", disse o primeiro-ministro Boris Johnson na sexta-feira em uma mensagem à nação, quando o país deixou oficialmente, às 23H00 locais, o bloco europeu, para celebração de alguns e lágrimas de tristeza de outros.

"Despedida da UE" (The Times), "O dia em que dizemos adeus" (The Guardian) ou "O Reino Unido corta finalmente laços com a UE" (Financial Times): a imprensa recebeu o dia como uma nova página do futuro do país. "Agora a construir o Reino Unido que nos prometeram", exigiu o jornal The Mirror.

Novamente solitário

O país entrou em 1973 para a Comunidade Econômica Europeia, antecessora da UE, os britânicos devem agora "usar os novos poderes, a soberania recuperada, para conquistar as mudanças pelas quais as pessoas votaram", disse Johnson.

O resultado do referendo de 2016, quando 52% dos britânicos votaram a favor do Brexit, foi explicado por muitos como uma reação desesperada da parte do país - principalmente Gales e o norte da Inglaterra - esquecida por uma globalização que enriqueceu Londres e aumentou as desigualdades.

Johnson, que chegou ao poder em junho ao substituir Theresa May como líder do Partido Conservador, só conseguiu romper o bloqueio político ao convocar eleições antecipadas em dezembro. E então, para surpresa de muitos, conseguiu derrotar o opositor Partido Trabalhista em várias circunscrições operárias que votaram majoritariamente pelo Brexit e não aguentavam mais os adiamentos de uma saída inicialmente prevista para 29 de março de 2019.

Consciente de que estes eleitores "emprestaram" seu voto, Johnson prometeu reunificar o país e investir, em educação e saúde, para reduzir as desigualdades depois de conseguir o que durante muito tempo pareceu quase impossível: concretizar o divórcio com os 27 sócios europeus. "Este é o amanhecer de uma nova era na qual não aceitamos mais que as oportunidades de sua vida - as oportunidades de sua família - devem depender da parte do país em que você cresceu", afirmou.

Na segunda-feira, Johnson deve fazer um discurso para apresentar suas metas para os britânicos e o papel do Reino Unido no mundo. No momento, porém, precisa lidar com o descontentamento de uma parte importante do país, a Escócia, uma nação semiautônoma de 5,4 milhões de pessoas em sua maioria contrárias ao Brexit que, em uma tentativa de retornar à União Europeia, parece cada vez mais tentada por uma eventual independência. Uma grande manifestação para pedir um segundo referendo de autodeterminação, após a vitória do não em uma consulta em 2014, estava prevista para este sábado em Edimburgo.

"Há muito em jogo"

"O Brexit está longe de ter acabado. A batalha sobre a UE pode ter acabado, a batalha pelo Reino Unido está a ponto de começar", afirmou neste sábado o lobby pró-Brexit da indústria pesqueira, que espera recuperar a prosperidade com o gim das cotas e a presença de barcos europeus.

Entre as poucas mudanças visíveis de maneira imediata, a missão diplomática britânica em Bruxelas, até agora denominada "Representação do Reino Unido ante a UE", enviou um funcionário durante a manhã para mudar a placa de seu edifício, que agora diz "Missão do Reino Unido ante a União Europeia", o que significa que não é mais um país membro.

Também assumiu o posto o novo embaixador da UE em Londres, o português João Vale de Almeida, que afirmou no Twitter que deseja "trabalhar de maneira construtiva com as autoridades britânicas e povo britânico, estabelecendo as bases para uma sólida relação".

Nos próximos meses, Londres terá que negociar a futura relação com Bruxelas, ao mesmo tempo que tentará alcançar um ambicioso tratado de livre comércio com os Estados Unidos, sua principal aposta para substituir o sócio europeu. "Há muitas coisas em jogo", declarou à AFP Jill Rutter, do centro de pesquisa 'UK in a Changing Europe'.

Johnson disse que não deseja ficar alinhado com as normas europeias, o que preocupa os ex-sócios. "Não podemos permitir que se estabeleça uma concorrência nefasta entre nós", advertiu o presidente francês, Emmanuel Macron, em uma carta aos britânicos publicada no jornal The Times.

AFP