Relatório aponta uso ilegítimo de spyware em quatro países da UE

Relatório aponta uso ilegítimo de spyware em quatro países da UE

Documento identificou uso de programas espiões na Polônia, Hungria, Espanha e Grécia

AFP

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Pelo menos quatro países da União Europeia (UE), entre eles a Espanha, registraram um uso "ilegítimo" de programas espiões (spyware), aponta um relatório provisório apresentado pelo Parlamento Europeu nesta terça-feira (8), que pede uma "moratória" sobre essas tecnologias.

"O uso indevido de spyware nos Estados-membros da UE é uma grave ameaça à democracia em todo o continente", disse a deputada holandesa Sophie in't Veld (do bloco centrista Renovar Europa), responsável pelo relatório, em coletiva de imprensa.

"Em uma democracia, colocar as pessoas sob vigilância deveria ser a exceção", acrescentou.

O relatório identificou o uso de spyware na Polônia, Hungria, Espanha e Grécia.

In't Veld lamentou que em muitos casos os governos dos Estados do bloco tenham se recusado a compartilhar informações oficiais com o Comitê de Investigação do Parlamento Europeu (PEGA), que teve que basear seu trabalho em outras fontes, principalmente investigações jornalísticas.

"Na Polônia e na Hungria, vemos que o spyware [nestes dois casos, o programa israelense Pegasus] é parte integrante de um sistema projetado para controlar, e até oprimir, cidadãos que criticam o governo, membros da oposição ou jornalistas", disse.

No caso da Grécia, acrescentou, "vemos sinais (...) de ataques sistemáticos e em grande escala como parte de uma estratégia política clara". Neste país, se trataria do programa de espionagem Predator.

Na Espanha, prosseguiu a eurodeputada, há "indícios sólidos de que figuras políticas e outras pessoas foram espionadas sem relação com uma ameaça clara e iminente à segurança nacional".

In't Veld acrescentou que a comissão parlamentar deve investigar mais o caso de Chipre, citando "indícios" do uso desse tipo de vigilância nos cidadãos, descrevendo o país como uma "plataforma para a 'exportação de spyware'".

"Devemos reconhecer que todos os Estados membros têm spyware à sua disposição, mesmo que não o admitam", declarou In't Veld, que propôs em seu relatório "uma moratória sobre a venda, aquisição, transferência e uso" dessas tecnologias.

Este relatório deve agora ser discutido no comitê PEGA pelos diferentes grupos políticos representados no Parlamento. O texto deve ser submetido a votação em plenário em março de 2023, embora, se a missão for prorrogada, isso possa acontecer em junho.


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