Secretário-geral da ONU descarta que Trump vá cancelar Acordo de Paris

Secretário-geral da ONU descarta que Trump vá cancelar Acordo de Paris

Presidente eleito dos Estados Unidos teria prometido cancelar o pacto de combate ao aquecimento global

AFP

Ban Ki-moon acredita que Donald Trump não irá suspender acordo climático de Paris

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O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou confiança de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, não tentará suspender o Acordo Climático de Paris, apesar de, durante sua campanha, ele ter prometido cancelar o histórico pacto de combate ao aquecimento global. Trump, que durante a corrida presidencial afirmou que o aquecimento global era uma farsa inventada pelos chineses, prometeu renegar os compromissos dos Estados Unidos de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e de ajudar a financiar a transição para uma economia verde em todo o mundo.

"Ele fez várias declarações preocupantes, mas estou certo de que irá compreender toda a importância, seriedade e urgência" da questão, disse Ban em entrevista nesta sexta-feira. "A presidência pode ser importante, mas a humanidade e todas as nossas vidas e nosso planeta Terra são eternos", reforçou.

Ban argumentou que há um forte consenso nos Estados Unidos e em todo o mundo sobre a necessidade de se combater o aquecimento global, sugerindo que Trump ficaria imprudentemente dessincronizado se abandonasse o acordo. "Agora, as comunidades empresariais estão comprometidas, os membros da sociedade civil estão comprometidos, como alguém pode mudar todo esse curso? É uma tendência enorme", disse o secretário-geral. "Se alguém quiser desfazer todo esse processo, isso criará sérios problemas", acrescentou.

Ban destacou o acordo climático alcançado em Paris em dezembro do ano passado como o momento de que mais se orgulha em 10 anos como chefe da diplomacia mundial. O ex-ministro das Relações Exteriores sul-coreano disse, ainda, que planeja falar por telefone com Trump em breve e que espera se reunir com ele antes do seu mandato terminar, em 31 de dezembro, para explicar como as Nações Unidas esperam que os Estados Unidos "continuem trabalhando para a humanidade".

Bilionário do setor imobiliário, Donald Trump conquistou a presidência dos Estados Unidos com uma plataforma que defende laços mais estreitos com a Rússia e questiona alianças de segurança internacionais e o financiamento americano às Nações Unidas.

O chefe da ONU desconsiderou a possibilidade de que os Estados Unidos, de longe o maior contribuinte para as Nações Unidas, poderiam cortar o financiamento ou contornar o organismo mundial para lidar com questões globais. "Isto foi o que ele disse durante o período de campanha", disse Ban na entrevista, realizada na sede da ONU, em Nova York.

"Agora, após a eleição, quando ele criar sua equipe de transição com especialistas e pessoas com visão e experiência, tenho certeza de que os Estados Unidos continuarão a desempenhar um papel de liderança", acrescentou. A entrevista foi a primeira avaliação completa de Ban sobre o impacto da vitória eleitoral de Trump sobre a diplomacia global.

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