Sem acordo para antecipar eleições, Congresso do Peru suspende debates

Sem acordo para antecipar eleições, Congresso do Peru suspende debates

Presidente Dina Boluarte fez apelo por definição que realize pleito ainda em 2023

AFP

Falta de gás assola o país em meio a protestos

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O Congresso peruano suspendeu para terça-feira os debates para definir se aprova a antecipação das eleições para este ano, em meio a protestos e bloqueios no país que exigem a renúncia da presidente Dina Boluarte. No domingo à noite, a presidente aumentou a pressão, ao fazer um apelo para que o Congresso antecipe as eleições. A crise política e social, que já deixou 48 mortos nas manifestações em cidades do sul do país e em Lima em sete semanas, não apresenta sinais de arrefecimento.

Em Washington, a Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou estar "consternada" com a violência no Peru, e pediu ao governo que realize "em breve" eleições sob observação internacional, numa declaração em que apenas El Salvador absteve-se. Os Estados Unidos, através do embaixador Francisco Mora, enfatizaram que "o momento das eleições no Peru é uma questão a ser decidida pelos líderes e instituições do país". Também pediram à comunidade internacional que apoie o governo de Boluarte.

Nos arredores de Lima, no bairro popular de Huaycán, centenas de pessoas marchavam com uma enorme faixa que dizia "Nem mais um morto, Dina renuncie já". O centro da capital, onde ficam o Palácio presidencial, o Parlamento e os tribunais de Justiça, se tornou palco de confrontos violentos entre pessoas encapuzadas e a polícia.

Dezenas de militares foram deslocados para Ica, 250 quilômetros ao sul de Lima, para apoiar a polícia na desobstrução da rodovia Pan-Americana Sul e garantir o trânsito. Os bloqueios de estradas causaram escassez de produtos básicos e de combustível em várias províncias. Boluarte reconheceu que a crise se agravou com um cenário de protestos violentos e bloqueios, que inclusive levaram alguns habitantes a recorrerem ao carvão ou à lenha para cozinhar na falta de gás em regiões como Puerto Maldonado, na selva peruana, denunciaram moradores à imprensa local.

No distrito de Poroy, a 15 km da cidade de Cusco, cerca de 300 pessoas faziam fila para comprar um botijão de gás. "Tem gente que está na fila desde as três da manhã (...) Faz duas semanas que não tenho gás. Temos que voltar no tempo e cozinhar com lenha e carvão, que é difícil, machuca os pulmões", declarou a dona de casa Gabriela Álvarez, 33.

A mina peruana de cobre Las Bambas, operada pela chinesa MMG e que fornece cerca de 2% do volume mundial do metal, anunciou que suspenderá as operações a partir de quarta-feira se os bloqueios continuarem. "As mobilizações vão continuar, porque não há sinais de que o Executivo vai renunciar", disse o líder sindical da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP), Gerónimo López.


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