Sem medidas recomendadas, pandemia pode levar mais tempo na América Latina, diz Opas

Sem medidas recomendadas, pandemia pode levar mais tempo na América Latina, diz Opas

Organização Pan-Americana de Saúde recomenda que sejam feitos testes em todos os casos suspeitos da doença

AE

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Gerente de Vigilância à Saúde e Controle e Prevenção de Enfermidades da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Marcos Espinal afirmou que, caso as medidas de mitigação da Covid-19 não forem adotadas ou pararem de ser reforçadas, a pandemia "pode durar muito mais tempo" na América Latina do que na Europa. A declaração foi feita nesta terça-feira, 16, durante entrevista coletiva da entidade.

Questionado sobre o assunto, Espinal começou apontando que essas comparações entre regiões são complexas, já que na Europa há países com mais recursos e na América Latina, mais desigualdade social. Ele considerou que os países latino-americanos adotaram medidas iniciais importantes para lidar com o problema, mas ressaltou que elas precisam continuar. "Do contrário podemos ver que isso continue por um tempo bastante importante", advertiu.

"Os números indicam que em junho e julho a região ainda estará na presença de uma onda importante de casos e de mortes", afirmou Espinal. Ainda lembrou que, observando-se os exemplos de outros países, a reabertura econômica pode de fato levar a novos picos. "Estamos no epicentro dessa pandemia e as medidas devem continuar."

Diretor-assistente da Opas, Jarbas Barbosa disse que as Américas estão "sem dúvida" ainda na primeira fase da pandemia. Também para Barbosa, os países latino-americanos adotaram medidas importantes, antes do problema chegar com mais força à região.

Barbosa ainda disse que é preciso que os países da região mantenham testes e outras medidas, no processo de reabertura, e que a Opas recomenda que sejam feitos testes em todos os casos suspeitos da doença.

Chile, Brasil, Argentina e Peru

Barbosa destacou que Chile, Brasil, Peru e Argentina "estão em momento de aumento da transmissão" do novo coronavírus. Durante entrevista coletiva da entidade, ele mencionou o caso específico do Chile, lembrando que o país mantém tendência de alta nos casos nas últimas "três ou quatro semanas", o que levou autoridades locais a reforçar o distanciamento social para conter a disseminação.

Também presente na coletiva virtual, Sylvain Aldighieri, gerente para Incidentes da Opas, disse que a entidade também está atenta à chegada da temporada de gripes na região. Ele ressaltou que a maior presença de vírus respiratórios pode pressionar mais os sistemas de saúde. Além disso, mencionou que pessoas já debilitadas pelo influenza podem desenvolver quadros mais graves, caso contraiam também a covid-19.

Diretor de Emergências de Saúde da Opas, Ciro Ugarte pediu que os países adotem reabertura "de maneira gradual, progressiva". Além disso, comentou especificamente o quadro na Venezuela, dizendo que a situação do país na pandemia "continua a ser preocupante".

4 milhões de casos

Diretora da Opas, Carissa Etienne afirmou que as Américas se aproximam de 4 milhões de casos da Covid-19 e também que a disseminação da pandemia "acelera na região". Etienne insistiu na necessidade de haver "mais do que nunca parceria e cooperação" nas Américas para enfrentar a emergência de saúde.

Etienne informou que, até o dia 15, o braço da Organização Mundial de Saúde (OMS) na região havia sido notificado sobre mais de 3,8 milhões de casos da Covid-19, com "quase 206.300 mortes". A autoridade também afirmou que a Opas reforçou sua capacidade local em escritório de campos em áreas fronteiriças da Amazônia, inclusive no Estado de Roraima.

Na Colômbia, a entidade está na cidade de Leticia, provendo assistência técnica e facilitando comunicações bilaterais com a Venezuela, disse também. "A Opas está apoiando os países a lidar com a disseminação da Covid-19 em áreas fronteiriças, seja estabelecendo presença local ou reforçando a capacidade das autoridades de saúde locais", afirmou.


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