Senado dos Estados Unidos enterra acordo migratório

Senado dos Estados Unidos enterra acordo migratório

Texto chegou bastante enfraquecido depois que Donald Trump criticou o projeto

AFP

Líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, quis realizar a votação para que ficasse evidente a oposição dos republicanos ao texto

publicidade

O Senado dos Estados Unidos enterrou, nesta quarta-feira (7), o acordo migratório bipartidário que era alvo de ataques da linha-dura dos republicanos e, sobretudo, do ex-presidente Donald Trump.

Um grupo de legisladores democratas e republicanos levou meses para negociar este projeto de lei com o governo do presidente Joe Biden. Mas o pacote legislativo, que inclui recursos para Ucrânia e Israel, foi reduzido a nada em questão de minutos durante uma votação de procedimento na câmara alta do Congresso.

A maioria dos republicanos votou contra, inclusive aqueles que o apoiaram inicialmente. É provável que o Senado volte a tentar a sorte com este projeto de lei, sem a parte da reforma migratória. Tampouco há garantias de que esta alternativa prospere no Congresso, um dos mais disfuncionais dos últimos tempos.

O texto chegou bastante enfraquecido depois que Donald Trump, o grande favorito dos republicanos para a indicação presidencial para as eleições de novembro, o sentenciou à morte. "Apenas um idiota, ou um democrata radical de esquerda, votaria por este horrível projeto de lei fronteiriça", disse o ex-presidente em sua plataforma, Truth Social.

E a influência de Trump sobre o partido é inegável. A votação desta quarta estava fadada ao fracasso, mas o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, se empenhou a realizá-la para que ficasse evidente a oposição dos republicanos ao texto.

O pacote legislativo permitiria restringir o fluxo de migrantes na fronteira e favoreceria as expulsões aceleradas, e também endureceria o padrão das chamadas entrevistas de medo crível para solicitar asilo.

Depois da votação no Senado, o mais provável é que o tema migratório fique de lado no Congresso, mas deve continuar bastante presente durante a campanha para a eleição presidencial, que, ao que tudo indica, será uma revanche entre Biden e Trump.

O voto contrário dos republicanos veio um dia depois de eles terem sofrido uma humilhação na Câmara dos Representantes.

"Uma nação dividida"

Os conservadores fracassaram em sua tentativa de abrir um processo de impeachment contra o secretário de Segurança Doméstica Alejandro Mayorkas, a quem acusam de responsabilidade pela crise migratória na fronteira com o México. E isso aconteceu mesmo com os republicanos gozando de uma maioria estreita na Câmara.

Alguns republicanos votaram contra, juntando-se aos democratas. No entanto, o que realmente fez diferença foi a chegada inesperada de um congressista.

Em plena votação, o democrata Al Green chegou em cadeira de rodas, descalço e vestido com a roupa de um hospital, apesar de estar se recuperando de uma cirurgia no abdômen, para expressar seu apoio a Mayorkas.

A segunda derrota retumbante dos republicanos ocorreu em outra votação. Os conservadores tentaram aprovar uma ajuda de 17,6 bilhões de dólares (R$ 185 bilhões) para Israel separadamente, desvinculando-a do pacote que inclui os recursos à Ucrânia e à segurança fronteiriça. Em vão.

"O que aconteceu aqui foi um desastre", declarou aos jornalistas o presidente da Câmara dos Representantes Mike Johnson, um aliado de Trump.

"A nação está dividida [...] o abismo entre os dois partidos agora mesmo é maior do que nunca", acrescentou.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895