Senado espanhol aprova abdicação do rei Juan Carlos

Senado espanhol aprova abdicação do rei Juan Carlos

Último do monarca será a assinatura do documento em uma cerimônia no Palácio Real de Madri

AFP

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O Senado espanhol aprovou nesta terça-feira a lei de abdicação do rei Juan Carlos, abrindo caminho para que seu filho Felipe assuma o trono na quinta. O último ato de Juan Carlos como monarca será a assinatura do documento em uma cerimônia no Palácio Real de Madri, que deve ser "um ato muito solene e breve, no qual não está previsto um discurso", assinalou a Casa Real.

Apesar dos pedidos de setores republicanos por um referendo sobre a monarquia, a Câmara Alta espanhola aprovou por 233 votos a favor, 5 contra e 20 abstenções a lei de abdicação, uma semana depois da aprovação do Congresso. Entre as poucas vozes discordantes, está a da Esquerda Unida. "Hoje esta lei é aprovada e não se dá a palavra ao povo para decidir qual é seu modelo de Estado", lamentou o senador José María Mariscal.

Uma vez assinada a lei e publicada no Diário Oficial, o príncipe Felipe se tornará oficialmente o novo rei Felipe VI. O rei Juan Carlos, de 76 anos, um dos principais responsáveis pelo retorno da democracia à Espanha após a ditadura franquista (1939-1975), mas com uma imagem abalada nos últimos anos por vários escândalos, surpreendeu o país ao anunciar em 2 de junho a decisão de abdicar.

Seu filho, de 46 anos, usando uniforme de gala militar, será proclamado como novo rei em uma cerimônia diante de deputados e senadores em 19 de junho, sem a presença de convidados estrangeiros nem cerimônia religiosa. Sua esposa, a princesa Letizia, de 41 anos, será a primeira plebeia a virar rainha da Espanha, e a pequena Leonor, com apenas 8 anos, passará a ser a princesa herdeira mais jovem da realeza europeia.

Uma vez proclamado rei, presidirá um desfile militar e cruzará de carro o centro de Madri até o Palácio Real, onde, no balcão, junto à esposa e aos pais, saudará seus cidadãos. Será o único momento em que o rei Juan Carlos será visto. Ele não irá ao Congresso para não ofuscar o momento de seu filho.

Ele também não estará na recepção no Palácio Real, onde se encontrará com 2 mil convidados e embaixadores estrangeiros. Este processo sucessório é inédito na Espanha desde a transição democrática iniciada no país com a morte do ditador Francisco Franco, em 20 de novembro de 1975, e liderada por Juan Carlos. No trono, seu filho terá a difícil missão de renovar uma monarquia desacreditada e de manter a união nacional ameaçada pelo separatismo na Catalunha e, em menor medida, no País Basco.

Motivo de esperança para uma monarquia desgastada e questionada pela metade dos espanhóis, segundo pesquisas, a popularidade de Felipe se mantém alta, apesar de sua margem de manobra ser estreita em um país onde a crise econômica, o elevado desemprego e a corrupção corroeram a confiança cidadã em suas instituições.

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