Snowden se diz vítima de "perseguição ilegal" dos EUA

Snowden se diz vítima de "perseguição ilegal" dos EUA

Ex-consultor é acusado de revelar esquema de espionagem do governo americano

AFP

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O técnico de informática americano Edward Snowden, procurado pelos Estados Unidos por espionagem e bloqueado há três semanas no aeroporto de Moscou, na Rússia, convocou uma reunião para esta sexta-feira com advogados e defensores dos direitos humanos.

No e-mail enviado a três organizações - Human Rights Watch, Transparência Internacional e Anistia Internacional - o ex-consultor da CIA se diz vítima de uma "campanha ilegal de perseguição por parte das autoridades dos EUA". "Me negam o direito de buscar asilo garantido no artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nunca antes na história estados conspiraram para forçar o pouso do avião de um presidente para realizar buscas por um refugiado político", diz o texto de Snowden, se referindo ao incidente com o voo do presidente da Bolívia, Evo Morales. "Esta perigosa escalada é uma ameaça não só à dignidade da América Latina ou à minha segurança pessoal, mas ao direito básico compartilhado por qualquer pessoa de viver livre de perseguições."

Snowden, que é acusado por Washington de espionagem por ter revelado dados sobre a vigilância eletrônica dos Estados Unidos em todo o mundo e não é visto em público desde que deixou Hong Kong, em 23 de junho, fará uma declaração durante o encontro com os ativistas, provavelmente para denunciar a perseguição que afirma sofrer. "Ele tem a intenção de dizer o que pensa da campanha de perseguição obsessiva da administração americana contra ele, que coloca em perigo os passageiros de voos que seguem para a América Latina", afirmou uma fonte anônima do aeroporto de Moscou.

O técnico em informática trabalhava para uma empresa que prestava serviços à Agência de Segurança Nacional (NSA) americana. O americano recebeu ofertas de asilo político da Venezuela, Bolívia e Nicarágua. O porta-voz do Kremlinm, Dmitri Peskov, declarou nesta sexta-feira que o caso Snowden não envolve a presidência russa.

Mercosul

Em Montevidéu, a espionagem dos Estados Unidos e o incidente diplomático envolvendo o avião do presidente boliviano, Evo Morales, devem ser o tema predominante das discussões, além do retorno do Paraguai ao bloco.

A presidente Dilma Rousseff participa da cúpula, que ocorre na capital uruguaia. Ela se reúne com os líderes do Uruguai, José Mujica, da Argentina, Cristina Kirchner, e da Venezuela, Nicolás Maduro.

Também participam os presidentes da Bolívia e do Equador, que negociam sua incorporação ao grupo como membros plenos, e da Guiana e do Suriname, como associados.

Asilo a Snowden

O ministro de Relações Exteriores brasileiro, Antônio Patriota, afirmou nessa quinta-feira que os chanceleres dos países do Mercosul negociam os termos da concessão de asilo a Edward Snowden, que prestava serviços à NSA (Agência Nacional de Segurança) dos Estados Unidos. O pedido foi feito para Venezuela, Bolívia e Equador. "A situação do senhor Snowden está sendo debatida. É possível que haja uma decisão à parte e estamos coordenando os termos desta concessão de asilo", disse o chanceler, sem revelar para onde iria o ex-técnico da CIA.

Patriota disse também que os chefes de Estado que participam da cúpula do Mercosul vão votar medida no sentido de repudiar atos de espionagem, como os surgidos nos últimos dias. "Há um consenso regional de repudiar tais atos e buscar uma forma de que os Estados tenham uma proteção e que os direitos à privacidade dos cidadãos sejam honrados", afirmou.

O Mercosul poderá promover ações em organismos multilaterais e no âmbito de convenções internacionais de direitos humanos contra os programas de espionagem norte-americanos, antecipou Patriota. "Vamos recorrer ao sistema multilateral. Há áreas nas quais já se pode prever uma ação dentro de certos marcos jurídicos como a Convenção de Viena", detalhou.

Incidente com Morales

Os países do Mercosul emitirão um desagravo ao presidente boliviano, Evo Morales, a quem alguns países europeus fecharam o espaço aéreo. No último dia 2, Morales foi impedido de sobrevoar o espaço aéreo de Portugal, Espanha, França e Itália por causa da suspeita de que Snowden estaria a bordo de seu avião.

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