Sobe para 93 o número de mortos em atentado no Paquistão

Sobe para 93 o número de mortos em atentado no Paquistão

No momento da explosão, entre 300 e 400 policiais estavam no local

AFP

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Ao menos 93 pessoas morreram e 150 ficaram feridas no atentado dessa segunda-feira contra a mesquita do quartel-general da polícia em Peshawar, noroeste do Paquistão, onde as equipes de emergência prosseguiam nesta terça-feira com as operações para retirar os corpos dos escombros. O ataque aconteceu durante as orações vespertinas de segunda-feira na capital provincial de Peshawar, perto da fronteira com o Afeganistão, um reduto da militância islamita.

Durante a noite de segunda-feira, as equipes de emergência retiraram nove corpos dos escombros. O balanço subiu para 89 mortos após o falecimento de seis feridos hospitalizados, informou o chefe de polícia de Peshawar, Muhammad Ijaz Khan. Mais de 90% das vítimas eram policiais, acrescentou Ijaz Khan.

No momento da explosão, entre 300 e 400 policiais estavam na mesquita. "Eu fiquei preso nos escombros com vários corpos em cima de mim por sete horas. Perdi a esperança de sobreviver", disse à AFP o policial Wajahat Ali, de 23 anos, no hospital local.

Muhammad Asim Khan, porta-voz do Hospital Lady Reading de Peshawar, relatou à AFP que o centro médico recebeu mais corpos durante a noite. "Durante a manhã (de terça-feira) vamos remover a última parte do teto que desabou para conseguir retirar mais corpos, mas não esperamos encontrar sobreviventes", declarou Bilal Ahmad Faizi, porta-voz da organização de resgate 1122.

Vinte policiais foram sepultados nesta terça-feira após uma cerimônia de oração. Os caixões foram posicionados em uma fila e cobertos com a bandeira paquistanesa. Shahid Ali, um policial de 47 anos que sobreviveu à explosão, disse à AFP que a detonação aconteceu poucos segundos depois de o imã iniciar a oração. "Vi uma fumaça preta. Corri para me salvar. Ainda escuto os gritos das pessoas. Gritavam pedindo ajuda", disse. "Os terroristas querem gerar medo naqueles responsáveis por defender o Paquistão", disse o primeiro-ministro Shehbaz Sharif em um comunicado.

Militância crescente

Nenhum grupo reivindicou o ataque, que aconteceu em um momento de agravamento da violência no país. O Paquistão vivenciou nos últimos meses um agravamento da situação de segurança, em particular desde que os talibãs retornaram ao poder no Afeganistão em agosto de 2021. Após vários anos de relativa calma, o braço paquistanês dos talibãs, Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), o EI-K e grupos separatistas baluches voltaram a executar atentados.

O Paquistão critica o Talibã por permitir que estes grupos utilizem seu território para planejar os ataques, algo que as autoridades de Cabul negam. O quartel-general de Peshawar é uma das áreas mais protegidas da cidade, que também abriga unidades das agências de inteligência e de combate ao terrorismo. Províncias de todo o país aumentaram o nível de alerta após a explosão, com o reforço dos postos de controle e o envio de tropas adicionais.

Na capital Islamabad, franco-atiradores foram mobilizados nos edifícios e nos pontos de acesso da cidade. O ataque ocorreu no dia em que estava programada uma visita a Islamabad do presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed ben Zayed Al Nahyan. A viagem foi cancelada na última hora - oficialmente por causa das chuvas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o atentado, que qualificou de "repugnante", enquanto o secretário de Estado americano, Antony Blinken, expressou condolências pelo "ataque horroroso".


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