Sobrinho é suspeito de matar família brasileira na Espanha

Sobrinho é suspeito de matar família brasileira na Espanha

Jovem de 19 anos voltou ao Brasil 24 horas após cadáveres terem sido encontrados

AFP

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Um jovem de 19 anos é suspeito de assassinar uma família brasileira na Espanha em 18 de setembro em uma casa a 60 quilômetros de Madri. O rapaz é sobrinho do casal e está no Brasil desde 20 de setembro. A polícia espanhola explicou que ele tinha uma passagem de volta marcada para 16 de novembro. No entanto, em 19 de setembro, 24 horas após a descoberta dos cadáveres, mudou apressadamente a data da viagem para voltar no dia seguinte. O jovem depôs neste fim de semana para a polícia brasileira e está em liberdade, mas desde o dia 22 pesa sobre ele uma ordem de detenção internacional emitida pela justiça espanhola. 

Em uma coletiva de imprensa na cidade de Guadalajara, a Guarda Civil disse ter "muitos indícios razoáveis e provas inquestionáveis" de que François Patrick Gouveia foi o autor material do crime desta família "normal, trabalhadora e humilde". O suspeito, de cuja autoria a Guarda Civil diz não ter "nenhuma dúvida", não tinha "nenhum tipo de relação com o crime organizado". Também não há pistas de que tenha contado com um cúmplice ou ajudante.

Psicopata, narcisista e com falta de "apego à vida humana": foi assim que a Guarda Civil espanhola apresentou nessa quarta-feira o jovem brasileiro que teria assassinado seu tio, a esposa dele e os dois filhos pequenos do casal. O segredo de justiça foi levantado apenas parcialmente, razão pela qual há elementos desconhecidos, começando pelo motivo do crime. 

Os cadáveres desta família procedente da Paraíba foram encontrados no dia 18 de setembro dentro de sacos plásticos em sua casa em Pioz, uma tranquila localidade de 4 mil habitantes. Os adultos foram esquartejados, e um vizinho alertou a polícia devido ao mau cheiro que emanava da casa. A última vez em que o pai foi visto foi em 17 de agosto. A Guarda Civil está investigando o macabro assassinato de Marcos Campos Nogueira, de sua esposa Janaína Santos Américo (ambos de 30 anos) e de seus dois filhos, de apenas um e quatro anos.

Um passado violento

A Guarda Civil também não quis se aventurar no motivo do crime, afirmando que pode haver várias causas e que boa parte da investigação segue em segredo de justiça. Segundo foi informado, o jovem tinha um passado violento (agrediu gravemente um professor no Brasil) e apresenta um perfil de "psicoticismo", marcado por seu egoísmo, narcisismo e "falta de apego à vida humana".

Viveu durante quatro meses com a família assassinada na região de Torrejón de Ardoz, muito próxima a Madri, onde Marcos Campos e sua família moraram antes de se mudar a Pioz. Segundo a Guarda Civil, continuava vivendo naquela cidade e não tinha emprego. Seu tio Marcos era cozinheiro, e havia trabalhado anteriormente em outras cidades espanholas, como La Coruña e Valladolid.

Os investigadores afirmam que o suposto assassino abordou suas vítimas de maneira "sequencial", ou seja, não enfrentou todas ao mesmo tempo, e que um dos adultos estaria fora de casa quando ele entrou. Anteriormente foi informado que não havia sinais de arrombamento na residência, que contava com uma piscina e se localizava em uma zona residencial.

Se a justiça brasileira tomar ações contra o jovem, a Guarda Civil não espera que ocorra uma extradição, já que, segundo ela, nestes casos e em virtude dos acordos bilaterais, o Brasil não extradita seus cidadãos. No entanto, seria solicitada uma comissão rogatória, para que o jovem preste um depoimento.

A instituição armada garantiu que "a comunicação com o Brasil é contínua e diária" através da embaixada da Espanha em Brasília. O consulado do Brasil em Madri disse que o caso, diante de sua relevância, está sendo tratado diretamente pelo cônsul, Paulo Alberto Soares, que não pôde ser contactado até o momento.

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