Socialistas vencem eleições gerais na Espanha, que vê ascensão da extrema-direita

Socialistas vencem eleições gerais na Espanha, que vê ascensão da extrema-direita

Partido Socialista Operário Espanhol, do primeiro-ministro Pedro Sánchez, obteve 123 das 350 vagas no Parlamento

Eric Raupp

Partido é o único capaz de formar governo

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O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), legenda do primeiro-ministro Pedro Sánchez, venceu as eleições gerais neste domingo ao conquistar 123 dos 350 assentos no Congresso do país. Junto com a outra força do mesmo campo ideológico, o extrema-esquerda Unidas Podemos, que terminou em quarto lugar com 42 deputados, não consegue maioria (176), o que significa que precisará de pactos para formar governo. “Ganhou o futuro e perdeu o passado. Nós não queremos involução, queremos um país que avança. Viva a Espanha e vida longa ao socialismo", exclamou o premiê nas ruas de Madri. O índice de participação foi de 75,79%.

O bloco de esquerda, ainda que insuficiente para governar sozinho,  é maior do que a da direita, que viu sua principal sigla, o Partido Popular,  que governou a Espanha por quase 15 anos, sofreu sua mais vexaminosa derrota na história. Em segundo lugar, obteve apenas 66 assentos – menos da metade dos 137 que detinha e ainda abaixo dos prognósticos mais pessimistas. Pablo Casado, líder do PP, parabenizou Sánchez por telefone e afirmou que sua legenda não é única que tem que fazer autocrítica após o resultado. Ele também culpou sua derrota à fragmentação da direita e ataques recebidos nos últimos dias. Em terceiro lugar, o liberal Ciudadanos (Cs) obteve 57 deputados.

A grande novidade foi o populista Vox, que conseguiu 24 assentos (10,3%), colocando a extrema-direita no Congresso pela primeira vez desde 1982. Com ideologia ultranacionalista, anti-imigração e antifeminista, as pesquisas o partido obteve em 2016 apenas 0,2%.  O presidente do Vox, Santiago Abascal, alertou neste domingo que é "apenas o começo" e garantiu que "vieram para ficar". "Nós lhes dissemos que estávamos começando uma reconquista e é exatamente isso que fizemos", disse, em referência a "retomada" da Espanha e de seus valores tradicionais, em seu discurso, na praça Margaret Thatcher, em Madri.

Independentistas ganham força

A coalizão Esquerda Republicana da Catalunha - Soberanistas, ganhou as eleições gerais na Catalunha, passando de 9 para 15 deputados e mais de um milhão de votos. O representante do grupo. Pere Aragonès, acredita que "é hora de abrir um diálogo para encontrar uma solução política para passar a chamada de um referendo de autodeterminação". A Junts por Catalunya, formação do ex-presidente separatista Carles Puigdemont, perdeu um deputado e agora tem 7 assentos no Parlamento.

Já o coordenador geral da Euskal Herria Bildu –  coligação basca regionalista/separatista –, Arnaldo Otegi, valorizou o "grande resultado" alcançado e afirmou afirmou, levará a "onda feminista, republicana e independente incontrolável" que ele criou ao Congresso e ao Congresso. "Não nascemos para resistir, mas para vencer", advertiu Otegi, que compareceu diante de cem militantes no centro Tabakalera de San Sebastián, para avaliar o resultado de sua formação, que alcançou 4 deputados, dobrando os atuais dois assentos.

Catalunha foi tema central de debate

Questões como a desaceleração econômica, as aposentadorias, o elevado índice de desemprego (14,5%) ou a incerteza europeia pelo Brexit ficaram em segundo plano. A Catalunha centralizou os debates, um ano e meio depois da tentativa de secessão da região, em 2017, e com o julgamento por rebeldia em curso contra 12 políticos independentistas. Depois de chegar ao poder com o apoio do partido Podemos, dos nacionalistas bascos e dos separatistas catalães, Sánchez tentou apaziguar o conflito e iniciou uma negociação com o presidente regional Quim Torra.

Embora o diálogo não tenha prosperado - os independentistas derrubaram os orçamentos de Sánchez, que convocou eleições antecipadas -, a aproximação incendiou a direita, que a transformou em sua principal arma. Em um ambiente acirrado, Casado chamou Sánchez de "traidor", "criminoso", "desleal" e de ser "um perigo público para a Espanha". O mesmo tom foi adotado na quinta-feira pelo líder do Vox, Santiago Abascal, em um comício em Valencia, onde pediu aos eleitores que escolham entre "a continuidade histórica da Espanha ou o caos e a violência".


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