STF peruano aprova pedido de extradição de ex-presidente por caso Odebrecht

STF peruano aprova pedido de extradição de ex-presidente por caso Odebrecht

Alejandro Toledo é acusado de receber US$ 20 milhões da empresa brasileira

AFP

Alejandro Toledo é acusado de receber US$ 20 milhões da empresa brasileira

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A Corte Suprema do Peru aprovou nesta terça-feira o pedido de extradição aos Estados Unidos do ex-presidente Alejandro Toledo, que foi chefe de estado no período entre 2001 e 2006, acusado de ter recebido um suborno de 20 milhões de dólares da Odebrecht, em um escândalo que salpica outros três ocupantes da cadeira presidencial. A solicitação, feita em 19 de fevereiro pelo juiz Richard Concepción Carhuancho, foi aprovada de forma unânime pelos cinco juízes da Sala Penal do máximo tribunal peruano, indicou uma fonte do poder judiciário que pediu para não ser identificada. "Sim, o pedido já foi aprovado no nível da Suprema Corte. A resolução deve estar saindo (a divulgação) até o meio-dia", disse à AFP.

Agora o pedido será enviado ao Conselho de Ministros, que deverá formalmente avaliá-lo, antes de ser remetido às autoridades americanas, em um processo que pode demorar cerca de quatro semanas. Toledo, de 71 anos, é acusado de "tráfico de influências, conluio e lavagem de ativos", pelo suposto suborno de 20 milhões de dólares que a Odebrecht disse que lhe entregou em troca da licitação da construção de uma rodovia na Amazônia para unir Peru e Brasil. O objetivo era ganhar a licitação pública para construir uma estrada que uniria portos brasileiros do Atlântico com portos peruanos do Pacífico, cruzando a Amazônia. Toledo inaugurou a estrada em 2006 com Luiz Inacio Lula da Silva.

A decisão abre um novo capítulo na saga de um escândalo que também atingiu outros três ocupantes da presidência peruana, incluindo o atual chefe de Estado Pedro Pablo Kuczynski, que foi primeiro-ministro e ministro da Economia de Toledo. Antes da decisão, um dos advogados de Toledo, Heriberto Benítez, havia dito que seu cliente era "vítima de uma perseguição política" dirigida por Kuczynski. "Houve intromissões do governo, parece-me que eles já estão decididos a favor da extradição", disse Benítez à AFP. Há uma semana, o promotor Abel Salazar havia instado o Tribunal a "declarar procedente a extradição do Sr. Alejandro Toledo Manrique" porque há "uma série de elementos de apoio" que justificam esse pedido. O advogado Benítez havia antecipado que, se o Supremo Tribunal "o declarar extraditável, pediremos a exposição no Conselho de Ministros".

No caso de ex-presidente confluem "o jurídico e o político", através de uma pressão da mídia e uma série de interferência do governo, como quando Kuczysnki telefonou há um ano ao americano Donald Trump pedindo-lhe para expulsar Toledo. No entanto, Benítez expressou a confiança de que a extradição será finalmente rejeitada pelos Estados Unidos. Toledo, de origem indígena e formado em economia nos Estados Unidos, levantou as bandeiras da luta contra a corrupção e os direitos Humanos durante o seu governo. O ex-presidente ganhou destaque em 2000 quando liderou os protestos contra o autocrata Alberto Fujimori. O juiz que ordenou o pedido de extradição também manteve a detenção preventiva do ex-presidente Ollanta Humala pela suposto recebimento de três milhões de dólares da Odebrecht para sua campanha eleitoral.

A empresa brasileira, que optou por cooperar com a justiça, revelou que pagou 29 milhões de dólares em propinas no Peru entre 2005 e 2014 ao longo de três governos. Um tribunal peruano ordenou, em fevereiro, o congelamento das contas bancárias de Toledo no Peru. Um funcionário da Odebrecht indicou que Toledo também recebeu US$ 700.000 para sua campanha de 2011. Seu advogado nega. Ele também confessou que a construtora deu contribuições de campanha em 2006 para Alan García e em 2011 para Kuczynski e para a líder da oposição Keiko Fujimori. Todos negam.

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