Substância que matou militar bósnio-croata era "produto químico letal"
Slobodan Praljak ingeriu o líquido letal diante dos juízes e advogados do Tribunal de Haia
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Suicídio ao vivo
Praljak, 72 anos, ingeriu o líquido letal diante dos juízes e advogados do Tribunal Internacional para a extinta Iugoslávia (TPII), um drama inédito transmitido ao vivo pela televisão. O gesto desesperado do réu "ilustra a profunda injustiça moral" cometida pelo tribunal de Haia, considerou o primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, manifestando suas "sinceras condolências" à família de Praljak. Quando o tribunal se preparava para emitir sua última sentença antes do encerramento de suas atividades em dezembro, o réu gritou "Praljak não é um criminoso".
"Rejeito seu veredicto", declarou ele ao tribunal, que confirmou sua sentença de 20 anos de prisão. Em seguida, o réu sacou um frasco do bolso, tragando seu conteúdo. Funcionários do tribunal correram para atender Praljak, e o presidente da corte, Carmel Agius, ordenou a suspensão da audiência. Minutos depois, chegava uma ambulância, e um helicóptero sobrevoava a área. Vários socorristas entraram no tribunal. Slobodan Praljak não resistiu e morreu em um hospital de Haia. A sala de audiência onde aconteceu o incidente foi declarada "cena de crime" e "uma investigação foi aberta pela polícia holandesa", anunciou o juiz-presidente Carmel Agius, antes de retomar o julgamento na parte da tarde, em outra sala do TPII.
Casos anteriores
O suicídio aconteceu durante a leitura da sentença no julgamento de apelação contra seis ex-dirigentes e ex-chefes militares bósnio-croatas, acusados de crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante o conflito croato-muçulmano (1993-1994) ocorrido em meio à guerra da Bósnia (1992-1995). Naquele momento, os juízes tinham acabado de confirmar a condenação a 25 anos de prisão contra o ex-dirigente dos croatas da Bósnia Jadranko Prlic pela transferência de populações muçulmanas e pelo recurso a assassinatos, estupros e destruição de bens civis com o objetivo de criar uma "grande Croácia".
Esses atos foram classificados pela acusação como crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos durante a disputa bélica na Bósnia, que deixou mais de 100 mil mortos e 2,2 milhões de deslocados. O veredicto desta quarta deveria ser o último do TPII antes de seu encerramento em dezembro, depois de quase um quarto de século dedicado a julgar os autores das piores atrocidades na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Esta não é a primeira vez que um incidente desse tipo acontece no TPII. Em 2006, o ex-líder dos sérvios da Croácia Milan Babic, de 50, condenado a 13 anos de prisão por abusos cometidos durante a guerra de 1991-1995 na Croácia, cometeu suicídio na prisão em Haia.
Ele foi o segundo preso do tribunal a se matar, depois de outro sérvio da Croácia, Slavko Dokmanovic, em junho de 1998.