Sucessivos vazamentos no Nord Stream agravam tensões
A origem dos danos não foi explicada até agora
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Vazamentos polêmicos no gasoduto Nord Stream afetam as infraestruturas que ligam a Europa à Rússia pelo Mar Báltico, embora os dutos estejam fora de operação desde o início da guerra na Ucrânia. A origem dos danos não foi explicada até agora, o que aumenta as tensões em torno da segurança energética do continente.
Tudo converge para uma sabotagem intencional do gasoduto, segundo os especialistas ouvidos pela AFP. "Não se pode imaginar de outra maneira o fato de que três dutos sofreram vazamentos ao mesmo tempo", explica Johan Lilliestam, pesquisador do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático.
Além disso, estes incidentes são extremamente raros em gasodutos construídos em aço para resistir aos choques. O Nord Stream 1, em operação desde 2011, nunca sofreu qualquer incidente notável. Autoridades dinamarquesas e polonesas também levantaram a hipótese de uma "sabotagem".
Quem poderia danificar o Nord Stream? Todos os olhos se voltam para a Rússia, ainda que o Kremlin tenha lamentado o incidente. Poderia ser "um estresse adicional ao mercado do gás", afirmou Simone Tagliapetra, pesquisadora do centro de estudos Bruegel.
A Rússia poderia "utilizar a sabotagem como pretexto" para não retomar seu fornecimento, disse Tor Ivar Strømmen, pesquisador da Academia Naval Real da Noruega.
Porém, inutilizar os dutos privaria o Kremlin de um instrumento de pressão: "se são os russos, para que danificar os três gasodutos?", pergunta Thierry Bros, especialista em energia e professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris.
A curto prazo, não mudará nada. No início de setembro, a Rússia cortou o fornecimento de gás para a Europa através do Nord Stream 1, alegando um problema técnico nos condutores de mais de 1.000 quilômetros que unem a Rússia à Alemanha.
Os preços do gás não tiveram um aumento significativo: pela manhã, o preço do TTF holandês, que serve de referência, aumentou 10%, antes de voltar a baixar.
Esta reação fraca se explica pelo fato de que "a maioria dos atores do mercado" já não "confiam no fornecimento russo" de gás, segundo Lion Hirth, especialista da Hertie School de Berlim.
No longo prazo, estes incidentes parecem colocar o última prego no caixão dos fluxos de gás russo para a Europa. "Antes, a retomada do fornecimento através do Nord Stream era improvável. Agora é impossível", disse Johan Lilliestam.
Grandes somas seriam necessárias para reconstruir os tubos que encheram de água nas últimas horas, destaca Thierry Bros. "Será impossível repará-los (...) É pouco provável que se gaste tanto dinheiro para reparar os dutos que nos unem à Rússia", considera o especialista.
Os vazamentos liberaram "vários milhões de toneladas de CO2 equivalente" na atmosfera, afirmou à AFP Sasha Müller-Kraenner, da ONG ambiental alemã DUH.
O gás liberado, metano, gerará "consequências dramáticas" em matéria de aquecimento global, acrescentou. Enquanto os vazamentos não forem reparados, há riscos de explosão na superfície da água: por esta razão, autoridades proibiram a navegação e voos na região.
Para a fauna e flora marítimas, as consequências são limitadas. "O metano se dissolve na água, ou seja, não há o que temer", afirma à AFP o Ministério do Meio Ambiente.
