Suposto caso de corrupção na coalizão governista encurrala Boric no Chile

Suposto caso de corrupção na coalizão governista encurrala Boric no Chile

Presidente chileno disse que em sua administração "ninguém está blindado"

AFP

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A coalizão do governo do presidente esquerdista do Chile, Gabriel Boric, foi alvo de acusações de suposta corrupção, e o mandatário disse nesta sexta-feira (30) que em sua administração "ninguém está blindado".

A alocação direta de fundos estatais no valor de US$ 530.000 (R$ 2,55 milhões) para a fundação Democracia Viva, dirigida por membros do partido Revolução Democrática (RD), um poderoso aliado do governo, colocou à prova a promessa de Boric de governar com maior probidade e transparência um país que enfrenta uma profunda crise de confiança em suas instituições e liderança.

"Aqui ninguém está blindado, mas aqueles que forem responsáveis terão que responder", afirmou o mandatário de 37 anos, à medida que aumentam as denúncias contra a fundação Democracia Viva, criada logo após a vitória eleitoral de Boric em dezembro de 2021.

O caso, que alguns analistas consideram um exemplo de clientelismo político, tornou-se um escândalo quando veio à tona que o representante legal da fundação, Daniel Andrade, e Carlos Contreras, supervisor regional do Ministério da Habitação na região de Antofagasta (norte), eram parceiros e amigos pessoais da deputada Catalina Pérez, todos membros do RD.

O Revolução Democrática é o partido mais importante da Frente Ampla, a coalizão que levou Boric ao poder há 15 meses.

Seus jovens fundadores prometeram elevar a ética e acusam os partidos tradicionais de terem usado sua posição de poder para fazer negócios com o Estado.

A Controladoria-Geral congelou na quinta-feira as autorizações de repasse de recursos para as várias fundações que colaboram com o Estado do Chile, uma fórmula muito comum para suprir funções atribuídas a entidades privadas com fundos públicos, especialmente em áreas de combate à pobreza.

O Ministério Público já abriu uma investigação e foram realizadas buscas nos escritórios da Fundação Democracia Viva em Santiago e na casa que a deputada Pérez compartilhava com seu parceiro Daniel Andrade.

"O Estado depende muito da sociedade civil para realizar projetos, e isso deve ser feito de forma transparente", afirmou Boric ao defender o trabalho dessas organizações.

"Nos casos em que forem confirmadas ações que mereçam medidas, por mais duras que sejam, eu as tomarei. Pessoalmente, farei valer as responsabilidades políticas pertinentes", disse o presidente.

O Chile está entre os países menos corruptos da América Latina, mas há vários anos enfrenta escândalos de corrupção entre as esferas mais altas da política, desde o ditador Augusto Pinochet (1973-1990) até o ex-presidente conservador Sebastián Piñera, acusado de conflitos de interesse em várias ações relacionadas a seus negócios milionários, sem deixar de mencionar políticos de esquerda e de centro.


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