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Especial

Terremoto pressiona ONGs e países ocidentais a ajudar a Síria

Especialistas mencionaram a situação dramática do povo sírio antes do tremor

| Foto: Bakr Alkasem / AFP / CP

O terremoto na Turquia e na Síria aumenta a pressão sobre organizações humanitárias e países ocidentais para ajudar a população síria, especialmente na zona rebelde de Idlib, no Norte do país. Horas depois do tremor mortal de segunda-feira (6), a comunidade internacional se mobilizou pela Turquia, enviando rapidamente ajuda de emergência. Países como França, Alemanha e Estados Unidos também prometeram ajudar as vítimas sírias, mas sem enviar ajuda imediata.

"A Síria continua sendo uma área sombria, do ponto de vista legal e diplomático", avalia Marc Schakal, chefe do programa de Médicos Sem Fronteiras (MSF) focado na Síria, pedindo que a ajuda seja enviada "o mais rápido possível".

Schakal teme que ONGs locais e internacionais se vejam sobrecarregadas em um país devastado por quase 12 anos de guerra civil que opõe uma multidão de lados - forças governamentais, rebeldes, jihadistas e curdos, entre outros - e na qual estão presentes tropas de vários países estrangeiros. O governo de Bashar al-Assad, apoiado pelo Irã e pela Rússia, está isolado internacionalmente e sujeito a inúmeras sanções.

A ajuda é crucial porque "a situação da população já era dramática", insiste o professor Raphaël Pitti, responsável pela ONG francesa Mehad, que está especialmente preocupado com a província de Idlib. Um dos principais problemas é o acesso a este último reduto controlado por rebeldes e jihadistas, onde vivem 4,8 milhões de pessoas, diz o especialista.

O último balanço das autoridades turcas e sírias indicou a morte de mais de 5 mil pessoas. Na Turquia, o número de mortos subiu para 3.419, com 20.534 feridos, anunciou o vice-presidente Fuat Oktay. Na Síria, 1.602 pessoas faleceram e 3.640 ficaram feridas. 

Pontos de acesso

Quase toda a ajuda humanitária que chega a esta região da Turquia passa por Bab al Hawa, o único ponto de acesso, obtido por resolução da ONU. Enviar ajuda através do território sírio controlado por Damasco seria diplomaticamente difícil. Significaria também que o governo oficial concorda em dar essa ajuda à população das áreas rebeldes e que os beligerantes concordam em sua distribuição.

A travessia de Bab al Hawa, que Damasco e Moscou denunciam como uma violação da soberania síria, permanece provisória e se reduz com o tempo. Sob pressão de Rússia e China, o número de pontos de acesso a percorrer passou de quatro para um.

Após a tragédia de segunda-feira, que já deixou mais de 1,5 mil mortos e cujo número continua a crescer, o governo de Damasco, sancionado pela comunidade internacional desde o início da guerra em 2011, pediu aos países que enviem ajuda.

O embaixador da Síria na ONU, Bassam Sabbagh, garantiu na segunda-feira que esta ajuda será "para todos os sírios em todo o território". Mas impôs uma condição: que essa ajuda fosse distribuída de dentro do país, sob controle do governo.

Canais habituais

"Os acessos a partir da Síria existem, podem ser coordenados com o governo e estamos dispostos a fazê-lo", disse o diplomata, rejeitando a possibilidade de levar a ajuda através de acessos transfronteiriços.

França e Alemanha não querem se comprometer. "Trata-se de ajudar as pessoas em dificuldades após o terremoto e essa ajuda deve chegar às pessoas por todos os meios possíveis", disse uma fonte do governo alemão, acrescentando que Berlim usaria "os canais habituais" das ONGs.

A França pode estar menos presente do que "em outras crises", na medida em que é "incômodo" ir a um país que não reconhece a legitimidade, avalia Emmanuel Dupuy, presidente do Instituto de Prospecção e Segurança. Para Raphaël Pitti, as áreas sob domínio de Damasco provavelmente receberão ajuda internacional. "Como sempre aconteceu há 10 anos", ressalta.

Mas o professor teme que a população de Idlib, na qual há "2,8 milhões de refugiados", fique para trás, especialmente porque as autoridades turcas já estão sobrecarregadas com suas próprias áreas devastadas pelo terremoto.

AFP