Todas as armas químicas declaradas do mundo foram "destruídas de forma irreversível", diz Opaq

Todas as armas químicas declaradas do mundo foram "destruídas de forma irreversível", diz Opaq

Organização para a Proibição das Armas Químicas afirmou que EUA se desfizeram de suas últimas reservas

AFP

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A Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) afirmou, nesta sexta-feira, que todos os arsenais declarados destes agentes tóxicos foram "destruídos de forma irreversível", depois que os Estados Unidos anunciaram que se desfizeram de suas últimas reservas.

O presidente Joe Biden anunciou a destruição de cerca de 500 toneladas de agentes químicos letais armazenados no depósito Blue Grass, instalação militar localizada no estado de Kentucky, concluindo, assim, um processo iniciado em 1997, após a assinatura da convenção global que visa a erradicar estas armas.

"Por mais de 30 anos, os Estados Unidos trabalharam incansavelmente para eliminar seu inventário de armas químicas. Hoje, tenho o orgulho de anunciar que os Estados Unidos destruíram com segurança a última munição dessa reserva, o que nos aproxima mais um passo de um mundo livre dos horrores das armas químicas", disse Biden.

As reservas eram as últimas em poder das Forças Armadas dos Estados Unidos, que armazenaram durante décadas projéteis de artilharia e foguetes contendo gás mostarda, bem como agentes nervosos e vesicantes extremamente tóxicos, como o vx e sarin.

"O fim da destruição de todos os estoques declarados de armas químicas é uma etapa importante", ressaltou Fernando Arias, diretor-geral da Opaq, organização encarregada de fiscalizar o cumprimento da convenção.

Com sede em Haia, a instituição informou que a medida tomada pelos Estados Unidos significa que "todos os estoques declarados de armas químicas foram verificados como destruídos de forma irreversível". Mas o uso recente destas armas significa que o mundo ainda deve ficar alerta, ressaltou a organização, que, nos últimos anos, culpou a Síria por recorrer a armas químicas durante sua guerra civil e investigou o uso de agentes nervosos da era soviética contra um ex-espião russo no Reino Unido e contra o opositor do Kremlin Alexei Navalny.

"O uso recente e as ameaças de uso de agentes químicos tóxicos como armas mostram que prevenir o ressurgimento continuará sendo uma prioridade para a organização", disse Arias.

Promessa cumprida

Em maio deste ano, a Opaq havia indicado que apenas os Estados Unidos ainda não haviam terminado de destruir suas reservas, acrescentando que, sob a supervisão do órgão, mais de "70.000 toneladas dos venenos mais perigosos do mundo" haviam sido eliminados.

Armas como essas foram amplamente condenadas após terem sido usadas, com resultados terríveis, na Primeira Guerra Mundial. No entanto, muitos países as mantiveram e continuaram desenvolvendo nos anos seguintes. A Convenção sobre Armas Químicas, que entrou em vigor em 1997, deu aos Estados Unidos até setembro deste ano para destruir todas a sua munição com agentes químicos.

Segundo a Associação americana para o Controle de Armas, em 1990 o país armazenava cerca de 28.600 toneladas de armas químicas, o segundo maior estoque do mundo, atrás do da Rússia. Com o declínio da Guerra Fria, as superpotências e outros países se uniram para negociar a Convenção sobre Armas Químicas.

"Mancha indelével"

Eliminar o estoque é duplamente perigoso, porque implica neutralizar não apenas os agentes químicos, mas também conter o poder das munições que os contêm. Por isso, o desarmamento é um processo lento.

A Rússia concluiu a destruição do seu arsenal declarado em 2017. Em abril de 2022, os Estados Unidos estavam a menos de 600 toneladas da meta zero.

"Embora o uso dessas armas letais vá ser, para sempre, uma mancha indelével na História, nossa nação finalmente cumpriu sua promessa de nos livrar desse flagelo", disse o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell.

Em sua declaração, o presidente Biden também pediu ao restante do mundo que assine a convenção de 1997, para que "a proibição global das armas químicas alcance todo o seu potencial". "Rússia e Síria devem reconhecer seus programas não declarados, usados para cometer atrocidades e atentados infames", declarou o democrata.


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