Trégua entre Israel e Hamas é prorrogada por um dia

Trégua entre Israel e Hamas é prorrogada por um dia

Governo israelense recebeu nova lista com mulheres e crianças que devem ser libertadas

AFP

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A trégua entre Israel e o Hamas foi prorrogada por um dia, até sexta-feira, anunciaram os dois lados poucos minutos antes do fim da pausa nesta quinta-feira (30), informação confirmada pelo Catar, que atua como país mediador.

Inicialmente acordada para quatro dias e prorrogada por mais 48 horas, a trégua terminava às 7h (2h00 de Brasília) desta quinta-feira, mas os países mediadores do conflito pressionaram por conseguir uma extensão, obtida quase no final do prazo.

Minutos antes do horário programado para o fim da trégua, o Exército de Israel anunciou que, "à luz dos esforços dos mediadores para continuar o processo de libertação dos reféns (...) a pausa operacional continuará".

Em seguida, o movimento islamista Hamas confirmou em um comunicado um acordo para "prorrogar a trégua pelo sétimo dia", mas sem revelar detalhes.

Algumas horas antes, o Hamas havia acusado Israel de rejeitar a extensão da pausa quando o movimento propôs libertar sete reféns e entregar os corpos de três vítimas do conflito.

O Ministério das Relações Exteriores do Catar, principal mediador do conflito, que tem o auxílio dos Estados Unidos e do Egito, confirmou "um acordo para prorrogar a trégua humanitária na Faixa de Gaza por um dia adicional sob as mesmas condições".

O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ratificou a prorrogação depois que recebeu uma nova lista de "mulheres e crianças" reféns que devem ser libertadas nesta quinta-feira, segundo os termos do acordo.

O anúncio aconteceu horas depois da chegada a Israel do secretário de Estado americano, Antony Blinken, que viajou à região para pressionar as partes a prorrogar a pausa.

Preparados para o combate

O acordo permitiu uma interrupção dos combates iniciados em 7 de outubro, quando militantes do Hamas atacaram o sul de Israel, assassinaram 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 240, segundo as autoridades do país.

Israel respondeu com uma ofensiva aérea e terrestre contra a Faixa de Gaza, uma operação que matou quase 15.000 pessoas, a maioria civis, segundo o governo do território controlado pelo Hamas.

O acordo de trégua anunciado na semana passada prevê prorrogações caso o movimento islamista liberte 10 reféns por dia, que são trocados por 30 prisioneiros palestinos, mas os dois lados alertaram antes da extensão que estavam prontos para retomar os combates.

O braço militar do Hamas determinou que seus combatentes mantenham a "preparação militar (...) com a previsão de uma retomada dos combates se (a trégua) não for renovada".

O porta-voz das Forças Armadas de Israel, Doron Spielman, disse que as tropas entrarão "em modo operacional muito rapidamente e prosseguirão com os objetivos em Gaza" caso a trégua expire.

Na quarta-feira à noite, o Hamas libertou mais 10 reféns israelenses, além de quatro tailandeses e dois russo-israelenses à margem do acordo.

Entre as pessoas liberadas estava Liat Beinin, que também tem cidadania dos Estados Unidos. O presidente americano Joe Biden declarou estar "profundamente satisfeito" e insistiu que o acordo de trégua "trouxe resultados significativos".

Pouco depois, a autoridade penitenciária de Israel anunciou a libertação de mais 30 detentos palestinos. O Catar informou que o grupo inclui 16 menores de idade e 14 mulheres.

Entre as pessoas liberadas estava Ahed Tamimi, uma ativista de 22 anos que virou símbolo da causa palestina contra a ocupação israelense.

Verdadeiro cessar-fogo

Desde 24 de novembro, o acordo de trégua permitiu a libertação de 70 reféns israelenses e de 210 detentos palestinos (mulheres ou menores de 19 anos). Além disso, quase 30 reféns estrangeiros, em sua maioria tailandeses que vivem em Israel, foram liberados à margem do acordo.

A comunidade internacional pressiona por uma trégua duradoura. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu um "verdadeiro cessar-fogo humanitário" e disse que os moradores de Gaza sofrem uma "catástrofe humanitária épica". A China fez um apelo por uma "trégua humanitária prolongada e duradoura", assim como um "cessar-fogo integral" e a "libertação de todos os civis e reféns".

A trégua permitiu aumentar consideravelmente o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, que enfrenta um "cerco total" de Israel, que cortou o fornecimento de alimentos, água, energia elétrica e combustível.

A ONU afirma que 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foram deslocados pela guerra e mais da metade das casas foram danificadas ou destruídas.

Ataque em Jerusalém

Na manhã desta quinta-feira, três pessoas morreram e seis ficaram feridas, três delas em estado grave em um ataque com armas de fogo contra um ponto de ônibus em Jerusalém Ocidental.

O ataque, executado segundo a polícia por "dois residentes de Jerusalém Oriental" ocupada e anexada por Israel, aconteceu pouco depois do anúncio da prorrogação da trégua entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza pelo sétimo dia.

"Dois terroristas em um carro, um armado com um M-16 e o outro com uma pistola, abriram fogo por volta das 7h40" (2h40 de Brasília), afirmou o chefe de polícia de Jerusalém, Doron Torgeman.

O Magen David Adom (Mada), equivalente israelense da Cruz Vermelha, identificou um dos três mortos como "uma jovem de 24 anos". Os dois agressores "foram neutralizados" no local, afirmou a polícia em um comunicado.


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