Tradicional jornal de centro-esquerda da França chama Lula de decepção
Apesar das críticas, o Libération afirmou que a posição de Lula é melhor do que a do ex-presidente Jair Bolsonaro
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi capa da edição desta quinta-feira (22) do jornal francês Libération, de centro-esquerda. A publicação disse que o brasileiro é uma "decepção" e um "falso amigo do Ocidente". Lula deve deixar hoje a França e concluir um giro pela Europa, que incluiu uma passagem pela Itália.
A crítica do jornal foi feita em razão do posicionamento de Lula na guerra na Ucrânia. "O presidente brasileiro não é o precioso aliado que imaginávamos, especialmente quando se trata de legar ao ostracismo o novo pária do Ocidente: a Rússia, culpada de uma invasão intolerável da Ucrânia", diz o jornal.
A posição de Lula é contestada pelos aliados ocidentais da Ucrânia. Mais de uma vez, o presidente brasileiro repetiu que a responsabilidade do conflito é tanto dos ucranianos quanto dos russos, ignorando que a guerra começou quando Vladimir Putin ordenou a invasão do país vizinho.
O Libération também criticou o convite a Nicolás Maduro para participar de uma reunião de presidentes da América do Sul em Brasília. O jornal questionou se Lula não tinha "conhecimento dos abusos cometidos na República Bolivariana do Autoritarismo".
A publicação afirmou que, no cenário internacional, Lula era aguardado como um "Messias", mas virou "uma miragem". Ele é citado como um "hiperativo diplomaticamente", que multiplica viagens ao exterior. Apesar das críticas, o Libération afirmou que a posição de Lula é melhor do que a do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Fome
Nesta quinta-feira (22), no encerramento da Cúpula do Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, Lula disse que o combate à desigualdade deve ter tanta prioridade quanto a questão climática. Ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, Lula lamentou que em uma reunião "entre presidentes de países importantes a palavra desigualdade não apareça".
"Eu vim aqui para falar que, junto com a questão climática, temos de colocar a questão da desigualdade mundial", disse Lula, se dirigindo a Macron. "Se não discutirmos essa questão, a gente pode ter um clima muito bom e o povo continuar morrendo de fome." (Colaborou Felipe Frazão)
