Trajetória da rainha mais antiga do mundo nas páginas do Correio do Povo

Trajetória da rainha mais antiga do mundo nas páginas do Correio do Povo

O Correio do Povo contou muitos dos momentos protagonizados pela Rainha Elizabeth II, que faleceu nesta quinta-feira

Christian Bueller

Única visita de Elisabeth II ao país, em novembro de 1968, foi destaque na primeira página

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Com 126 anos de história, o Correio do Povo acompanhou a trajetória de Elizabeth Alexandra Mary, a rainha Elizabeth II, desde antes de chegar ao trono, após a súbita morte de seu pai, o rei George VI, acometido de câncer do pulmão. Em 20 de novembro de 1947, a então princesa Elizabeth se casa com o tenente Philip Mountbatten (“Consorcia-se hoje herdeira da Coroa Britânica”, mancheteava o jornal). Depois de receber a cidadania britânica e renunciar ao título grego, ele se torna duque de Edimburgo e ela adquire o título de Duquesa de Edimburgo.

“Com toda a pompa celebraram-se as núpcias de Elizabeth e Mountbatten: mais de um milhão de pessoas assistiram ao cortejo”, dizia a manchete e a chamada do CP no dia seguinte. Como curiosidade, a Scotland Yard informou que 2,5 mil pessoas ficaram feridas durante a cerimônia, devido “atropelos do público para assistir de mais perto”.

Casamento de Elizabeth II e Philip Mountbatten

Em 6 de fevereiro de 1952, o planeta soube da morte de George VI. Ele tinha apenas 56 anos. Uma longa doença e o esforço de liderança feito durante os anos da Segunda Guerra Mundial pesaram sobre os ombros do monarca amado pelos ingleses. A princesa Elizabeth, 25 anos, mais velha das duas filhas do rei, estava no Quênia, no início de uma viagem real pelos países da Commonwealth (grupo de cooperação formado pelo Reino Unido e suas ex-colônias, somando 53 países), substituindo o pai por causa de sua saúde precária. No dia 7, o Correio do Povo o noticiou o fato: “Um rápido comunicado transmitido às 11h15 (hora londrina) estarreceu toda a nação britânica e emocionou o mundo: o passamento do rei Jorge VI, quando dormia tranquilamente em sua residência de campo”, dizia o primeiro parágrafo. A foto que estampa a matéria de capa mostra a então mais recente aparição da princesa Elizabeth ao lado do esposo, Philip, o Duque de Edimburgo, que seria utilizada como imagem oficial de viagem que fizeram à África. “Colhidos pela infausta notícia, numa colônia africana, o agora Príncipe-Consorte e a Rainha regressarão, hoje, a Londres”.

Devido ao período de luto e aos preparativos, Elizabeth foi coroada apenas 16 meses depois, em 2 de junho de 1953, em Londres. Foi a primeira coroação transmitida pela televisão. O dia tão esperado começou com uma procissão do Palácio de Buckingham. Havia cerca de três milhões de pessoas ao longo das ruas para saudar a nova rainha. Houve um pouco de chuva esparsa ao longo do dia, mas o clima ficou firme durante a procissão em si. Ela vestia seda branca bordada com os emblemas das nações da Commonwealth e, por cima, o manto de veludo de estado, mais de cinco metros de comprimento, sua cauda apoiada por sete damas de honra. No altar, a rainha fez o Juramento de Coroação em defesa da justiça, das leis de seus reinos e da fé anglicana. “As coisas que aqui prometi eu realizarei e manterei. Assim, Deus me ajude”, disse a rainha, durante sua coroação.

Em sua coroação, vestia um manto de cinco metros de comprimento

O Correio do Povo dedicou a primeira página inteira sobre o tema na edição do dia 3: “Elizabeth II teve a mais brilhante coroação da história da Inglaterra”, era a chamada principal. O texto, da agência Associated Press, relatou a cerimônia de acordo com os termos utilizados na época. “Elizabeth II subiu hoje ao trono de seus antepassados, na Abadia de Westminster e tocada pela luminosa auréola que brilhava nas douradas ondas dos seus formosos cabelos, recebeu a coroa de rainha soberana”. No momento mais antigo e sagrado da cerimônia, a rainha foi ungida com óleo sagrado pelo arcebispo de Canterbury, sentada na Cadeira da Coroação. Depois de Elizabeth receber os cetros, a orbe e o manto reais e finalmente a coroa, a congregação respondeu com um grito de “Deus salve a Rainha!”.

Entre os dias 16 e 22 de outubro de 1957, a rainha Elizabeth II e o príncipe Philip fazem sua primeira visita de Estado aos Estados Unidos, e ela faz seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas. O Correio do Povo noticiou durante esses dias a sua passagem por terras norte-americanas. No dia 23, uma foto da monarca é o destaque da página inicial da edição. “A rainha, durante o banquete que lhe foi oferecido anteontem, em Nova Iorque, ajustou as alças do seu magnífico vestido de ‘soireé’. E horas depois, usando o mesmo traje, tomou o avião que a trouxe de volta a Londres”, contou o jornal. Na sequência, ocorreria uma conferência reunindo os dois países, envolvendo o primeiro-ministro inglês, Harold MacMillan e o presidente dos EUA, Dwight D. Eisenhower.

Rainha passou por seis cidades e conheceu o Pelé

Em 1968, ocorreu a primeira e única viagem da rainha ao Brasil, entre os dias 1º e 11 de novembro. O Correio do Povo deu destaque ao tema quado a monarca aterrissou em Recife, sua primeira parada. O texto de abertura “A rainha Elizabeth II, da Inglaterra, encontrou as ruas engalanadas em todo o percurso cumprido pela comitiva real”, mostrou como a capital pernambucana se comportou durante a passagem da alteza britânica no país, fato que se repetiu em outras cinco cidades - Salvador (BA), Brasília (DF), São Paulo (SP), Campinas (SP) e Rio de Janeiro (RJ).

Elizabeth II conheceu algumas celebridades brasileiras, uma em especial: “’Majestade, este é o jogador Pelé, famoso mundialmente’, apresentou Lael Soares, o chefe do cerimonial do Palácio Guanabara, a sede oficial do governo do Rio de Janeiro. ‘Ah, eu sei!’, sorriu a rainha, estendendo a mão. ‘Já o conheço de nome. E me sinto muito feliz em cumprimentá-lo’, complementou.

Mas não só de boas e tranquilas notícias Elizabeth viveu. O Correio do Povo informou quando ela sofreu um atentado, em 13 de junho de 1981. “Inglês desempregado atira contra rainha” mostrou como foi o susto passado quando Marcus Simon Sarjeant, um adolescente de 17 anos que disparou seis tiros de festim durante um desfile próximo ao Palácio de Buckignham. Ele foi preso pela Scotland Yard e acusado de traição ao país. O incidente motivou o reforço das medidas de segurança com o casamento do príncipe Charles e a princesa Diana, no mês seguinte.

Notícia chocou o mundo na época

O jornal acompanhou a trajetória da rainha com o passar dos anos, como sua viuvez, informada em 9 de abril de 2021. Era uma sexta-feira, quando o Palácio de Buckingham anunciou a morte do seu marido, príncipe Philip. O duque, havia voltado ao Castelo de Windsor três semanas após um mês no hospital para uma cirurgia cardíaca e faleceu dois meses e um dia antes de seu centésimo aniversário. “Sua Alteza Real faleceu pacificamente esta manhã no Castelo de Windsor. A Família Real junta-se a pessoas de todo o mundo no luto por sua perda. Novos anúncios serão feitos oportunamente”, afirmou Buckingham em comunicado. Bandeiras em edifícios históricos na Grã-Bretanha foram colocadas a meio mastro quando um período de luto foi anunciado.

A rainha mais longeva do mundo comemorou, entre 2 e 6 de junho deste ano, o Jubileu de Platina, pelos 70 anos de reinado. Milhares de pessoas se reuniram nos arredores do Palácio de Buckingham, onde a rainha Elizabeth II abriu oficialmente as grandes celebrações. “Espero que os próximos dias sejam uma oportunidade para refletir sobre tudo o que foi conquistado durante os últimos 70 anos, enquanto olhamos para o futuro com confiança e entusiasmo”, afirmou a rainha, em uma mensagem divulgada antes dos festejos, que acontecem mesmo após o agravamento de seu estado de saúde.


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