Tribunal francês anula investigação do voo Rio-Paris

Tribunal francês anula investigação do voo Rio-Paris

Desastre ocorreu em junho de 2009 e matou 228 pessoas

AFP

Tribunal francês anula investigação do voo Rio-Paris

publicidade

O Tribunal de Apelação de Paris anulou nesta terça-feira uma contra-análise contestada pela companhia aérea Air France e as partes civis na investigação do acidente do voo 477 Rio-Paris em 2009 e remeteu o processo aos juízes de instrução, indicaram fontes concordantes.

Os primeiros juízes de instrução notificaram no verão de 2014 o fim das investigações do caso onde as empresas Air France e Airbus, indiciadas por homicídios culposos, esperavam evitar um julgamento. O desastre, que ocorreu em 1º de junho de 2009, causou 228 mortos, todos passageiros e tripulantes. O ponto de partida do acidente foi o congelamento durante o voo das sondas Pitot, o que provocou erros nas medições de velocidade do Airbus A330.

A pedido da Airbus, os juízes requisitaram uma nova perícia, cujos resultados, apresentados em abril de 2014, ressaltaram a "reação inapropriada da tripulação" e as falhas da Air France. O trabalho, favorável à Airbus, foi duramente criticado pela Air France, que solicitou à câmara de instrução do tribunal de apelação de Paris que o declarasse nulo. A empresa alegou que "dois voos de teste foram realizados na Airbus com tripulações da Airbus sem que a Air France fosse informada". "Os especialistas realizaram suas operações de maneira particularmente criticável", alegaram os advogados da companhia, François Saint-Pierre e Fernand Garnault.

A câmara de instrução do Tribunal de Apelações anulou nesta terça a ordem de contra-análise, justificando que o procedimento não foi notificado a todas as partes, incluindo as famílias das centenas de vítimas, segundo indicou uma fonte próxima ao caso, uma informação confirmada por uma fonte judicial.

Portanto, os atos decorrentes, incluindo a contra-análise em si mesma, foram anulados. Esta "contra-expertise" focou numa possível "resposta inadequada da tripulação" e sobre as violações da Air France, inocentando a Airbus, enquanto a primeira análise apontou como causas do acidente as falhas da tripulação, problemas técnicos e um déficit de informação dos pilotos em caso de congelamento das sondas, apesar de incidentes anteriores.

Elemento chave na investigação

Este congelamento das sondas Pitot é um elemento chave na investigação, porque teria conduzido a uma incoerência nas medições de velocidade do Airbus A330, que caiu no Oceano Atlântico. A principal associação das vítimas, Entraide et solidarité AF447, também pediu ao Tribunal de ordenar um complemento da investigação para identificar de maneira mais clara aos representantes as falhas que impliquem a responsabilidade da Air France e da Airbus.

As famílias das vítimas temem que o caso não seja suficientemente sólido se algumas questões não forem respondidas, o que elevaria o risco de arquivamento ou absolvição em caso de processo. Em sua decisão, o Tribunal de Apelação reverteu as decisões em que os juízes de instrução rejeitaram os recursos das partes civis, disseram as fontes.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895