Trump rompe acordo nuclear dos EUA com o Irã

Trump rompe acordo nuclear dos EUA com o Irã

Presidente norte-americano voltou a impor sanções ao país do Oriente Médio

AFP

Trump rompe acordo nuclear dos EUA com o Irã

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* Com informações da AE

O presidente americano Donald Trump anunciou nesta terça-feira que os Estados Unidos estão se retirando do acordo nuclear com o Irã.  Trump classificou de 'desastroso' o acordo firmado em 2015 e disse que tem provas de que o país do presidente Hassan Rohani mentiu sobre o programa nuclear. Além de romper o acordo nuclear, os EUA reestabeleceram sanções contra o país do Oriente Médio.

O presidente americano afirmou que o acordo “nunca trouxe, nem nunca trará a paz”, após acusar o Irã de patrocinar “grupos terroristas” como “Hezbollah, Hamas, Taleban e Al-Qaeda”. Segundo Trump, se for permitido que o acordo continue em vigor, “em breve haverá uma uma corrida armamentista nuclear no Oriente Médio”.

"Desastrosas deficiências"

Durante sua campanha à Casa Branca, Trump condenou "o plano de ação" acordado durante o governo democrata de Barack Obama, a quem condena por "desastrosas deficiências" no acordo com Teerã. Em janeiro, lançou um ultimato aos europeus, dando-lhes até 12 de maio para "endurecer" o acordo em vários pontos: as inspeções do OIEA, e a suspensão progressiva - a partir de 2025 - de certas restrições às atividades nucleares iranianas. O presidente alega ainda que o acordo não ataca diretamente o programa de mísseis balísticos de Teerã, nem seu papel "desestabilizador" em vários países do Oriente Médio, como Síria, Iêmen, ou Líbia.

França, Reino Unido e Alemanha assumiram as negociações com os diplomatas americanos para buscar possíveis soluções para suas preocupações. Nessa segunda-feira, em Washington, o chefe da diplomacia britânica, Boris Johnson, reconheceu que as demandas de Trump são "legítimas". "Acreditamos que se pode ser mais duro com o Irã" e "abordar as preocupações do presidente" Trump sem desfazer o acordo, completou.

Durante uma visita à Casa Branca em 24 de abril, o presidente da França, Emmanuel Macron, propôs negociar "um novo acordo" com o Irã, em torno do "pilar" do tratado firmado em 2015 e que construa outras bases para responder às preocupações americanas. "Este acordo não é o melhor do mundo", mas, "sem ser perfeito, tem um certo número de virtudes", e os iranianos "o respeitam", declarou nesta terça-feira a ministra francesa das Forças Armadas, Florence Parly, à rádio RTL. "Será necessário continuar defendendo melhorar esse acordo. Estejam os Estados Unidos presentes, ou não", acrescentou. Para Robert Malley, ex-negociador com o Irã na Presidência de Barack Obama e presidente do International Crisis Group, o destino do acordo está agora nas mãos dos europeus.

O acordo

O pacto foi assinado em Viena no dia 14 de julho de 2015, depois de 12 anos de crise e 21 meses de intensas negociações, entre o Irã e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido) mais a Alemanha.

Teerã se comprometeu a reduzir suas capacidades nucleares, como centrífugas e reservas de urânio enriquecido, durante vários anos. O objetivo é impedir que o país fabrique uma bomba atômica, garantindo ao Irã, que nega qualquer fim militar em seu programa, o direito de desenvolver uma atividade nuclear civil.

Conforme previsto pelo acordo, Teerã reduziu o número de centrífugas autorizadas a enriquecer urânio de 10.200 para 5.060, e se comprometeu a não ultrapassar esse número durante um período de 10 anos. Os iranianos também aceitaram modificar seu reator de águas pesadas de Arak, sob controle da comunidade internacional, para impossibilitar a produção de plutônio com fins militares nesta instalação.

Secretário de Estado americano vai para Coreia do Norte preparar cúpula nuclear

Trump aproveitou ainda para comunicar que o chefe da diplomacia em Washington, Mike Pompeo, está a caminho da Coreia do Norte para preparar uma histórica cúpula nuclear. Pompeo, que se encontrou com Kim em Pyongyang no mês passado, enquanto ainda dirigia a CIA, chegará à Coreia do Norte "virtualmente em uma hora", disse Trump.

Além de planejar a cúpula, prevista para o fim deste mês ou para o começo de junho, Pompeo tem pressionado o regime para libertar três cidadãos americanos presos na Coreia do Norte.

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