Trump se nega a condenar supremacistas brancos e atiça extremistas nas redes sociais

Trump se nega a condenar supremacistas brancos e atiça extremistas nas redes sociais

Presidente dos EUA disse que os "Proud Boys" deveriam "recuar e esperar". A frase foi celebrada pelos seguidores nas redes sociais

Correio do Povo e AFP

Especialistas que estudam grupos extremistas disseram que a mensagem de Trump era perigosa e poderia encorajar mais violência

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Em uma noite marcada por interrupções constantes no primeiro debate presidencial deste ano nos Estados Unidos, um momento específico ganhou destaque nas redes sociais. O moderador Chris Wallace deu ao presidente Donald Trump a oportunidade de condenar os supremacistas brancos, mas o Republicano pediu que o jornalista nomeasse alguma organização em específico e apenas disse que eles deveriam "recuar e esperar". Além do mais, afirmou que a violência em cidades como Kenosha e Portland é um “problema da esquerda, não um problema da direita”.

Especialistas que estudam grupos extremistas disseram que a mensagem de Trump era perigosa e poderia encorajar mais violência. Rita Katz, diretora do SITE, associação que monitora grupos extremistas, afirmou que "em um momento de níveis de pico de violência da extrema-direita e de um racismo crescente, Trump fez um novo aceno aos supremacistas brancos".  “Uma luz verde como‘ recuem ’é catastrófico”, escreveu Kathleen Belew, historiadora dos movimentos do poder branco americano, no Twitter.

Essa frase foi rapidamente celebrada pelos Proud Boys, um grupo autodenominado "chauvinista ocidental". O grupo transformou as palavras em um logotipo e a publicou na rede social Telegram. No site de mídia social de direita Parler, o líder do grupo Joe Biggs, disse que interpretou as palavras de Trump como uma diretriz para "partir para o ataque". 

Já os defensores do antirracismo também reagiram rapidamente. "'Recuem e esperem'", tuitou Ibram X. Kendi, autor de "How to Be an Antiracist". "A frase da noite. O que Donald J. Trump disse à maior ameaça terrorista doméstica de nosso tempo: os supremacistas brancos."

A recusa do presidente em condenar os supremacistas brancos segue-se a um verão de protestos e agitação civil após os assassinatos de George Floyd, Breonna Taylor e Ahmaud Arbery, afro-americanos mortos pela polícia e vigilantes civis brancos. Trump denunciou essas manifestações e se referiu a organizações como a Black Lives Matter como "um símbolo de ódio". Durante uma seção denominada "raça e violência em nossas cidades", Trump não abordou a questão da reforma policial. Em vez disso, ele dobrou suas afirmações de que a violência é galopante nas cidades administradas pelos democratas.

"Mas eu direi algo, alguém tem que fazer algo contra os Antifa", completou, em referência ao movimento de extrema-esquerda, ao afirmar que nos Estados Unidos a violência procede mais da extrema-esquerda do que da extrema-direita. Joe Biden se defendeu, argumentando que o atual diretor do FBI, Christopher Wray, se referiu aos Antifa como "mais uma ideologia ou um movimento" do que uma organização terrorista, como Trump afirmou.

Grupos de supremacia branca foram citados pelo Departamento de Estado como uma das principais ameaças à segurança nacional. De acordo com as conclusões de um documento do início de setembro do Departamento de Segurança Interna, grupos de supremacia branca foram listados acima de terroristas estrangeiros em termos de perigo imediato para o país.


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