Turquia afasta 2.745 mil juízes após tentativa de golpe

Turquia afasta 2.745 mil juízes após tentativa de golpe

Decisão visa adotar medidas disciplinares contra suspeitos de envolvimento com líderes da revolta

Agência Brasil

Decisão visa adotar medidas disciplinares contra suspeitos de envolvimento com líderes da revolta

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Algumas horas depois da tentativa fracassada de golpe de Estado na Turquia, o órgão de controle de magistrados e procuradores removeu do cargo 2.745 mil juízes de todo o país. Segundo a agência estatal de notícias Anadolu, a decisão tem como objetivo adotar medidas disciplinares contra os suspeitos de ligação com o clérigo muçulmano Fethullah Gülen, acusado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan de estar por trás da revolta da última sexta-feira.

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Fethullah Gülen lidera o movimento que leva seu nome Gülen (ou Hizmet) e que se diz laico, mas prega uma versão moderada do Islamismo. Segundo Erdogan, membros do Hizmet estão infiltrados em todos os aparatos do Estado. O clérigo apoiou o presidente até 2013, mas a aliança foi rompida após o governo ter fechado diversas escolas gülenistas na Turquia. Gülen, que vive em exílio voluntário nos Estados Unidos, nega "categoricamente" qualquer participação no golpe. "Condeno nos termos mais fortes a tentativa de golpe de Estado militar na Turquia. O governo deve ser conquistado por meio de um processo de eleições livres e justas, não pela força", declarou o Fethullah Gülen em um comunicado.

As autoridades turcas prenderam pelo menos dez juízes da Suprema Corte da Justiça administrativa, também por suspeita de ligação com Gülen. Há temores de que a tentativa de golpe no país sirva como combustível para Erdogan acelerar seu processo de concentração de poder e de repressão a adversários. Seu grande objetivo é transformar a Turquia em uma república presidencialista - hoje ela é parlamentarista.

A revolta terminou com mais de 2,8 mil militares presos e pelo menos 265 mortos, sendo 104 pessoas descritas como "golpistas" e 161 pessoas que estavam entre a multidão de civis e policiais contrários ao golpe, que foram às ruas defender a permanência do presidente turco Tayyip Erdogan. Alguns homens detidos disseram em interrogatório que acreditavam estar participando de um "exercício", e não de um golpe. Eles afirmaram que só entenderam do que se tratava quando viram cidadãos tentando subir em tanques de guerra.

Segundo o primeiro-ministro Binali Yildirim, o governo estuda até mudar a legislação para introduzir a pena de morte no país. "Discutiremos com outros líderes dos partidos quais medidas devemos adotar para evitar tentativas de golpe no futuro", afirmou. 

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