Ucrânia acusa Rússia de bombardear escola em Mariupol e Zelensky quer falar com Putin

Ucrânia acusa Rússia de bombardear escola em Mariupol e Zelensky quer falar com Putin

Russos utilizaram um segundo míssil hipersônico

AFP

Russos utilizaram um segundo míssil hipersônico

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O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou neste domingo(20) um novo "ato de terror" após o bombardeio de uma escola em Mariupol, e estava disposto a negociar com Vladimir Putin para acabar com os ataques da Rússia, que usou um segundo míssil hipersônico.

Os novos atentados ocorrem porque ainda não foi alcançado nenhum acordo durante as negociações entre os dois países, apesar de a Turquia ter dito neste domingo que houve progresso.

"Vemos que as partes estão perto de um acordo", disse o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, da província de Antalya.

O presidente ucraniano disse, por sua vez, que está pronto para negociar com seu colega russo, Vladimir Putin.

"Estou pronto há dois anos e acredito que sem negociações a guerra não vai parar", disse o presidente em entrevista transmitida pela rede americana CNN.

Nos últimos dias, Zelensky multiplicou seus contatos por videoconferência com parlamentos estrangeiros para fortalecer o apoio à Ucrânia diante da invasão russa. Neste domingo, ele falou aos membros do Knesset, o parlamento israelense.

"É hora de Israel tomar uma decisão... a indiferença mata", disse Zelensky, que tem origem judaica.

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"Ato de terror"

Horas antes, o líder ucraniano denunciou o bombardeio de uma escola de artes em Mariupol, cidade estratégica no sudeste da Ucrânia, sitiada pelos russos e que sofre com a falta de água, gás e eletricidade.

Segundo as autoridades locais, a escola serviu de refúgio para centenas de pessoas, incluindo mulheres, crianças e idosos, que ficaram presos sob os escombros.

"O prédio foi destruído e as pessoas ainda estão sob os escombros. O número de mortos ainda está sendo levantado", disse o conselho da cidade. Esta informação não foi verificada.

Infligir "algo assim em uma cidade pacífica... é um ato de terror", disse Zelensky, denunciando um "crime de guerra".

Em Kiev, um projétil explodiu do lado de fora de um prédio no domingo, ferindo pelo menos cinco pessoas, disse o prefeito Vitali Klitschko.

O prédio de 10 andares está seriamente danificado e todas as suas janelas foram destruídas, segundo jornalistas da AFP no local.

"Minha irmã estava na varanda quando aconteceu, ela quase morreu", disse Anna, 30 anos, que mora no prédio.

Os ataques também não pararam em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, no noroeste, onde pelo menos 500 pessoas morreram desde o início da guerra, segundo dados ucranianos.

Mísseis hipersônicos

A Rússia garantiu neste domingo, pelo segundo dia consecutivo, que utilizou mísseis hipersônicos, desta vez para destruir uma reserva de combustível na região de Mikolaiv, no sul.

"Um grande estoque de combustível foi destruído por mísseis de cruzeiro 'Kalibr' disparados do Mar Cáspio, e por mísseis balísticos hipersônicos lançados pelo sistema aeronáutico 'Kinjal' do espaço aéreo da Crimeia", disse o Ministério da Defesa em nota sem especificar a data do ataque.

O bombardeio russo também danificou severamente a siderúrgica Azovstal de Mariupol, cujo porto é crucial para a exportação do aço produzido no leste do país. Enquanto isso, a situação humanitária continua a piorar.

"A guerra na Ucrânia é tão devastadora que 10 milhões de pessoas fugiram, seja como deslocados internos ou refugiados no exterior", disse o chefe da Acnur, Filippo Grandi, neste domingo.

No norte, o prefeito de Chernigov, Vladislav Atroshenko, descreveu a situação em sua cidade como uma "catástrofe humanitária absoluta". De acordo com o que ele disse na televisão, dezenas de civis morreram depois que os bombardeios chegaram a um hospital.

E em Mariúpol, algumas famílias dizem que há vários dias há corpos caídos na rua.

As autoridades da cidade também dizem que alguns moradores estão sendo levados à força para a Rússia e despojados de seus passaportes ucranianos.

Um grupo de crianças, que ficaram presas no porão de uma clínica da cidade, foi evacuado para uma área mantida por separatistas pró-Rússia no leste do país, disseram seus parentes no domingo.

A maioria das crianças veio de orfanatos na região de Donetsk, mas da parte que não estava sob o controle da separatista República Popular de Donetsk (DNR).

Cerca de 180.000 pessoas conseguiram escapar das zonas de combate através de corredores humanitários, segundo Zelensky

Sanções e condenações

A Rússia "não conseguiu obter o controle do espaço aéreo e depende fortemente de armas de longo alcance lançadas da relativa segurança do espaço aéreo russo para atacar alvos na Ucrânia", disse o Ministério da Defesa do Reino Unido em comunicado.

O ministro da Defesa da Eslováquia, Jaroslav Nad, anunciou neste domingo que as primeiras unidades do sistema antimísseis American Patriot começaram a chegar ao seu país. Este movimento abre o caminho para Bratislava entregar seu sistema antimísseis S-300 de fabricação russa para a Ucrânia.

A Austrália também prometeu mais armas e assistência humanitária para Kiev e neste domingo ampliou suas sanções contra a Rússia, proibindo imediatamente as exportações de alumina e bauxita.

A França congelou cerca de US$ 940 milhões em ativos de magnatas russos, disse o ministro da Economia e Finanças, Bruno Le Maire, neste domingo.

 


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