Ucrânia denuncia novo grande ataque russo contra instalações de energia

Ucrânia denuncia novo grande ataque russo contra instalações de energia

Dois mísseis de cruzeiro russos sobrevoaram na manhã de sexta-feira a Romênia, país membro da Otan, e a Moldávia

AFP

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A Rússia iniciou nesta sexta-feira (10) um "ataque em larga escala" com mísseis e drones explosivos, que atingiram várias instalações de energia na Ucrânia, após uma viagem do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, por vários países europeus para pedir mais armas aos aliados. De acordo com a Força Aérea da Ucrânia, a Rússia disparou "seis mísseis de cruzeiro Kalibr, até 35 mísseis guiados antiaéreos S-300 nas regiões de Kharkiv e Zaporizhzhia e utilizou sete drones Shahed" da fabricação iraniana.

"Cinco mísseis de cruzeiro Kalibr e cinco drones Shahed foram destruídos" pela defesa antiaérea, afirmou o exército em um comunicado. "O inimigo atacou cidades e infraestruturas básicas da Ucrânia", acrescenta a nota. Até o momento, as autoridades ucranianas não relataram vítimas.

De acordo com o comando do exército ucraniano, dois mísseis de cruzeiro russos sobrevoaram na manhã de sexta-feira a Romênia, país membro da Otan, e a Moldávia, antes de entrar no espaço aéreo da Ucrânia. Dois projéteis lançados a partir do Mar Negro "atravessaram o espaço aéreo romeno às 8h33min GMT" (5h33min de Brasília), antes de entrar no espaço aéreo ucraniano, afirmou em um comunicado o comandante em chefe do exército ucraniano, Valery Zaluzhny.

A Romênia afirmou que a informação "não estava confirmada" e a Moldávia convocou o embaixador russo para esclarecimentos.

"Cortes preventivos"

O novo ataque russo contra as instalações de energia ucranianas acontece após a visita de Zelensky a Londres e Paris, na quarta-feira, e a Bruxelas, na quinta-feira, para pedir aos aliados europeus mísseis de longo alcance e caças. Também acontece a poucos dias do primeiro aniversário da invasão russa, que começou em 24 de fevereiro de 2022.

Correspondentes da AFP ouviram explosões em Kiev. As sirenes antiaéreas foram acionadas e os moradores da capital procuraram refúgio nas estações de metrô. Desde outubro e após várias derrotas no campo de batalha, Moscou ataca com frequência as infraestruturas energéticas ucranianas, o que deixa milhões de pessoas sem luz ou calefação em pleno inverno (hemisfério norte).

A operadora ucraniana Ukrenergo afirmou em um comunicado que "várias infraestruturas de alta tensão foram afetadas nas regiões leste, oeste e sul, o que provocou cortes de energia elétrica em algumas áreas". Os russos "atacaram centrais de energia e instalações do sistema de transmissão", informou a Ukrenergo.

"Apagões preventivos de emergência estão sendo aplicados", acrescenta a nota, uma medida adotada com frequência durante ataques similares nos últimos meses para evitar uma sobrecarga do sistema nacional. "Parte de Zaporizhzhia (sudeste) está sem energia elétrica", afirmou Anatoly Kurtev, secretário do conselho municipal. "Em uma hora foram registrados 17 ataques na cidade, o maior número desde o início da invasão russa". "Devemos resistir", destacou, em um apelo à população civil.

Na região de Kharkiv (nordeste), perto da fronteira com a Rússia, "foram registrados incêndios após ataques com mísseis", afirmou o governador Oleg Sinegubov. "Algumas áreas da cidade (de mesmo nome) continuam sem energia elétrica", informou no Telegram.

Situação urgente

Os últimos grandes ataques russos haviam acontecido no final de janeiro, um dia depois do anúncio da decisão das potências ocidentais de enviar tanques pesados ao exército ucraniano. Até o momento, porém, nenhum país concordou em entregar mísseis de longo alcance ou caças à Ucrânia devido ao temor de uma escalada com Moscou. Apenas o Reino Unido abriu a porta para possíveis entregas a "longo prazo".

A situação é cada vez mais complicada na frente de batalha. Com o apoio do grupo paramilitar Wagner, o exército russo prossegue com os bombardeios em Bakhmut, cidade da região do Donbass (leste) que Moscou tenta conquistar há vários meses. Também no leste da Ucrânia, as tropas de Moscou reivindicaram nos últimos dias "vitórias" em ataques recentes, em particular ao redor da localidade de Vugledar.


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